sábado, 12 de maio de 2012

ESTAÇÃO DIAMANTE (Diamante de Ubá) - Dom Pedro II passou por aqui e registrou em seu livro.


Matéria atualizada em 23 de outubro de 2023.



Em mais um belíssimo registro fotográfico do acervo do IPHAN, a Estação de Diamante nos primeiros tempos da ferrovia.

Abaixo, a Estação em 2012, num ângulo mais próximo da foto acima. As duas janelas foram abertas posteriormente. 

Abaixo, registros realizados em minha segunda visita, em setembro de 2020.











 Nas fotos de 2020 vemos a importância de se buscar uma solução para uma transferência definitiva de propriedade de antigos prédios ferroviários, especialmente para municípios realmente dispostos a preservar patrimônios históricos. Este é o caso da antiga Estação de Diamante, que necessita de atenção. Na porta lateral, uma placa com os dizeres: “Propriedade do DNIT”. Comparando com as fotos de 2012 vemos que a preservação deste Patrimônio se faz necessária. 


Caminhos de ferro que levam a Diamante - foto maio de 2012.


Acima, a Estação de Diamante neste belo registro fotográfico do acervo de Hugo Caramuru.







Estação DIAMANTE



Município: Ubá.
Linha do Centro – Km 396,672 (1960)
Altitude: não informada.
Estação inaugurada em:  08 de agosto de 1879.
Estive no local em:  maio de 2012 e setembro de 2020.
Uso atual: Em minha primeira visita o prédio estava em excelente estado de conservação sendo usado como espaço social comunitário. Em 2020 o encontrei fechado, sem uso e mal conservado, com aspecto de abandono.


Situação Atual – Trecho não suprimido oficialmente, sem trafego desde o início de 1990.


E. F. Leopoldina (1879-1975)

RFFSA (1975-1996)






HISTÓRICO:  


Em minhas viagens em visita às Estações da Linha do Centro - que ia de Porto Novo a Ligação, em Ubá – visitei e retornei a praticamente todas as Estações, faltando apenas Barão de Camargos, que segundo o funcionário da portaria empresa mineradora não existe uma estação dentro daquele complexo, fato que precisaria ser melhor esclarecido.

Entre as Estações visitadas falaremos hoje da Estação Diamante, localizada em comunidade de mesmo nome, situada no Município de Ubá.

Mais uma Estação que esconde importante e bela história!



A ESTAÇÃO:


Inaugurada em 1879, trata-se de mais um belo prédio ferroviário. Ainda hoje, vemos os trilhos pelas ruas de Diamante, bem como por grande parte do percurso da ferrovia que ladeia a estrada de Diamante a Sobral Pinto, apesar de bastante coberto pela vegetação. Mas em minha última visita pude observar que próximo à Estação existe um trecho do antigo leito em terra e sem trilhos, aparentando obra de calçamento e abertura de rua.

Diamante é uma pequena, pacata e aprazível comunidade pertencente a Ubá e sua Estação está de pé, mas, contrariando o que encontrei em minha primeira visita em maio de 2012 - quando a encontrei bela, muito bem conservada e sendo usada em eventos sociais da comunidade - em minha segunda visita em setembro de 2020 a encontrei fechada e sem acesso aos moradores, sem uso, apresentando aspecto de abandono e em uma de suas portas, a placa: PROPRIEDADE DO DNIT, comprovando a importância de se buscar uma solução para uma transferência definitiva de propriedade de antigos prédios ferroviários, especialmente para municípios realmente dispostos a preservar patrimônios históricos como este. O belíssimo e histórico prédio da antiga Estação de Diamante necessita de atenção!

Além das fotos que fiz em 2012 e 2020, em setembro de 2023 recebi mais um registro espetacular dos amigos do IPHAN - foto em que realizei o trabalho de restauração - mostrando passageiros aguardando na plataforma da Estação e uma composição estacionada na linha ao lado.

Enfim... cada vez que visito lugares como Diamante, viajo na imaginação de ver o Trem chegando e partindo, o grande movimento em torno da Estação e todo o romantismo da cena, imagem realizada nesta belíssima foto do IPHAN.

Mas a Estação de Diamante guarda uma belíssima história, que vale a pena conferir mais abaixo, aqui na matéria.



Na sequência abaixo, registros realizados em minha primeira visita, em maio de 2012.








A ORIGEM DO NOME DIAMANTE:

Para ilustrar a importância histórica da Estação de Diamante, trago belíssimo e interessante relato de Eduardo Contin Gomes, postado como comentário na matéria sobre a estação de Ubá em 10 de setembro de 2015:

“Sou de Ubá, nascido na Fazenda do Glória e com mãe nascida em Diamante de Ubá. Já viu, não é?
Em 1881 Dom Pedro II inaugurou o ramal da EFL que passava por lá e teve um determinado trecho (Ubá-Diamante) que meu trisavô, um grande fazendeiro e oficial da Guarda Nacional de nome Antônio Gomes Pereira e Silva prestou a guarda de honra de Dom Pedro II.
Naquele tempo, todo o local se chamava Pântano e o trem com a comitiva imperial fez uma pequena parada na estação, cabendo ao meu trisavô servir o café ao Imperador no trem. Dom Pedro II, que tudo anotava e observava, enquanto tomava o café percebeu que o lugar era bonito e que o nome Pântano estava em desacordo, sugerindo que o lugar era um DIAMANTE de tão bonito e verdejante. Daí para frente o povoado passou a chamar Diamante, hoje Diamante de Ubá (distrito).
Em junho de 1881 meu trisavô recebeu do Imperador a Comenda da Rosa pelos relevantes serviços prestados, que a partir de então passou a ser conhecido e tratado como "Comendador".
As xícaras de café foram guardadas "sem lavar", mas infelizmente não temos mais notícias delas. Este relato está no diário do Imperador Dom Pedro II e hoje no acervo da Biblioteca Nacional.
O Comendador naqueles tempos era praticamente o dono da maioria das terras em torno do Diamante e no caminho sentido a Ubá, o trem passava pelas terras de uma fazenda conhecida como "Fazenda do Glória", de propriedade do filho mais velho do Comendador, de nome Ten. Cel. Antônio Gomes Pereira Filho (meu bisavô). Nesta Fazenda, nasceu meu avô, meu pai e também eu.
No final da década de 1950 e anos 1960 o trem passava por nossas terras. Eu ouvia o barulho da máquina a vapor com o seu inesquecível repetitivo "café-com-pão-manteiga-não". Eu e mais alguns irmãos, às vezes, corríamos na estrada de terra, subíamos um pequeno morro e do alto dava para ver o trem passar lá embaixo na várzea. Posteriormente, ouvíamos o som das novas máquinas a Diesel.
Entre a estação do Diamante e Ubá e bem próximo, um pouco antes da estação da Ligação, tinha uma plataforma coberta – uma pequena parada do trem - conhecida como "Parada Moreira" por situar-se nas terras do grande fazendeiro Laurindo Moreira. Essa Parada Moreira já foi destruída, infelizmente.
Aquele prédio que você fotografou na estação de Ligação - um moinho desativado - pertenceu ao meu trisavô (o Comendador) e o interessante é que desde pequeno, hoje estou com 65 anos, lembro daquele prédio meio destruído em sua parte superior. Para mim, eu falo que ele foi bombardeado, um pensamento meu de criança para justificar aquele estrago antigo. O certo é que aquele prédio nunca foi reconstruído e deveria ser tombado pelo Patrimônio Histórico de Ubá. Afinal é centenário e semi-destruído como sempre. Um caso a ser pensado e considerado pela comunidade local. É ou não é?
Bom, o Comendador foi homem ilustre e do bem, pelo que conheço da sua história era influente em Ubá, sendo "Agente Executivo" da cidade em duas ocasiões (1892 e 1895-1986). Agente Executivo corresponde hoje ao cargo de Prefeito Municipal. Hoje existe uma Rua em Ubá que o homenageia com o nome de "Comendador Antônio Gomes".
É isto meu amigo, um pouco da história dos caminhos do trem por Minas Gerais. Um pena o descaso hoje existente com os trechos desativados e que outrora foram fomento para o crescimento de Minas e desenvolvimento de sua gente. Eu também sou saudosista.
Um grande abraço e muitos parabéns,
Eduardo Contin Gomes”


Próximo à Estação existia em 2020 um trecho do antigo leito, em terra e sem os trilhos, aparentemente retirados para obras de calçamento e abertura de rua.

Abaixo, mais alguns registros realizados em minha segunda visita, em setembro de 2020.













Acima, a Estação de Diamante em mais um belo registro fotográfico do acervo de Hugo Caramuru.

Abaixo, mais alguns registros realizados em minha primeira visita, em maio de 2012, destacando o antigo leito ferroviário.











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