quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O último apito das OFICINAS DE BICAS e sua irresponsável destruição.


Hoje vou relembrar dois dos mais tristes momentos da história de nossa cidade:



Primeiro, o dia do último apito, aquele que encerrou o último dia de trabalho, encerrando também toda e qualquer atividade nas oficinas ferroviárias de Bicas.







Segundo, a destruição de tudo! Jogaram a história de nossa cidade ao chão! Transformaram tudo em pó!





1- O ÚLTIMO APITO:
Sobre o último dia de funcionamento e o último apito encerrando as atividades da Oficina Ferroviária de Bicas, tudo aconteceu em 1995, marcando um dos dias mais tristes da história de nossa cidade. Mais precisamente, no dia 08 de setembro de 1995 ouviu-se pela última vez o apito que, segundo relatos foi "foi um apito de agonia, que durou quase uma hora"
Os colunistas ChicreFarhat, Emil Farhat e Nelson de Souza Ramos registraram tudo no Jornal O Município, de 30 de setembro de 1995.
Segundo a coluna especial escrita por Emil Farhat intitulada Adeus Inglório ..."o apito que cessou fazia parte da vida dos biquenses e até dos guararenses a cerca de oitenta anos. Ele acordava para o trabalho, liberava para o almoço e depois encerrava as horas das tarefas diárias."
O mesmo apito que por muitos e muitos anos convocou os ferroviários biquenses ao trabalho soava pela última vez!
Era o fim de uma história de progresso, de independência, de emancipação e criação de uma cidade, da emancipação e do orgulho de seu povo. Naquele dia, antes de Nem Cunha acionar o último apito, o saudoso Jorginho Cândido ligou para o Engenheiro Dr. Rui, que por muitos anos a chefiou as oficinas e que já não estava mais em Bicas, para que este em lágrimas também pudesse ouvir o som que marcou a vida dele, de tantos e tantos ferroviários e de toda a comunidade biquense.
Nas mãos estúpidas de poucos a decisão infeliz de acabar de vez com uma grande e bela história.
Mas o registro fotográfico deste dia permaneceu graças aos amigos Chicre Farhat que ao saber do fato correu até o Foto Adelson e pediu-lhe que registrasse um dos mais tristes momentos de nossa história - e ao amigo e ferroviário aposentado Werter Souza, que gentilmente cedeu as fotos do último apito aqui apresentadas.
Página virada de um dos mais belos capítulos da história de nossa cidade.
O mais triste de tudo isso é perceber ao vermos estas fotos que não foi apenas uma página virada, mas uma página violentamente arrancada do livro da vida de muitos e muitos biquenses.   

Ferroviários biquenses: Nem Cunha, Werter,  Flávio Nunes, Carlos Alberto Cupim, Zenoni Guingo, Marco Antônio de Oliveira Bichão, Valdo, Juarez Cazarim e Haroldo Mendes.


Chocolate (estagiário), Flávio Nunes, Marco Antônio Bichão, Nem Cunha, Chicre Farhat, Juarez Cazarim, Magela, Carlos Alberto Cupim, Haroldo Mendes, estagiário, Boi, Gilmar (atráz), Pelé, Zenoni, Jorginho, Valdo, Werter e José Geraldo Ferreira. 









O momento do derradeiro apito, quando o saudoso Jorginho Cândido ligava para Dr. Rui, engenheiro que por muitos anos chefiou as oficinas de Bicas.









2- A DESTRUIÇÃO DE TUDO:

A irresponsável, descabida e inexplicável “destruição” dos galpões onde funcionaram por muitos anos as oficinas da RFFSA, construídas pela antiga Estrada de Ferro Leopoldina. Uma das páginas mais tristes e vergonhosas da história de Bicas.

Na mesma edição do Jornal O Município que noticiava o último apito, o saudoso Nelson de Souza Ramos também em sua coluna relata o triste fato ocorrido, mas tenta olhar com um pouco de otimismo para os galpões das oficinas que aqui ficariam, imaginado o uso dos mesmos para a instalação de indústrias e geração de empregos.
Contrariando a expectativa do Sr. Nelson Ramos, algum tempo depois, num ato extremamente infeliz destruíram tudo!






A primeira decisão infeliz acabou motivando uma estupidez ainda maior quando alguns anos mais tarde, num dos gestos mais infelizes da história de nossa cidade, resolveram demolir tudo. Também neste caso, sobrou apenas o registro fotográfico.
Mas até hoje, uma pergunta permanece sem resposta e não quer calar:
Qual destino foi dado à grande quantidade de materiais de valor como trilhos (praticamente todas as colunas dos galpões eram de trilhos de ferrovia), madeiras que sustentavam as coberturas destes galpões e todas as telhas que cobriam os mesmos?
 Simplesmente sumiu tudo! Não existe em Bicas um registro sequer do destino dado a toda essa quantidade de materiais de grande e estimável valor.
Sem sombras de dúvida, o momento mais triste da história de Bicas, onde a irresponsabilidade ficou registrada em fotos que fazem pesar a consciência de muitos.



domingo, 4 de agosto de 2013

Relatos e belas Histórias de um grande ferroviário biquense.


Hoje trago uma matéria prazerosa de escrever. É sempre muito bom ouvir histórias de nossa ferrovia relatadas por ferroviários como o Sr. Olympio Alves dos Reis, grande amigo biquense que viveu momentos inesquecíveis em nossas oficinas, pessoa com muitas histórias pra contar. Melhor ainda quando acompanhada de fotos. Então, vamos a elas!


Sr. Olympio nos conta que "o ano era 1918 e segundo relatos históricos nesta época era notória a falta de mão de obra ferroviária, quando os ingleses admitiam adolescentes a partir dos 12 anos de idade e estes trabalhavam por seis meses em testes e aprendizado, antes de serem admitidos pela Estrada de de Ferro Leopoldina. Um marco histórico nas Oficinas de Bicas".




Outro relato do Sr. Olympio recheado de emoção e orgulho, “o ano era 1946 quando foi construído o SENAI em Bicas. Aqui o belo registro do grande dia, que abriu as portas para o desenvolvimento de nossa cidade, a inauguração de nossa Escola Profissionalizante, o SENAI.”





Neste relato do Sr. Olympio, o ano era 1950, onde ele destaca “a importância da Estrada de Ferro Leopoldina para nossa cidade. Além do SENAI, a Leopoldina mantinha o Liceu Operário de Bicas, também conhecida como Escola Primária Quatro de Novembro, um belíssimo centro de ensino que tinha como seus principais objetivos qualificar, preparar e formar crianças biquenses, com atenção especial aos filhos dos ferroviários, visando principalmente prepará-los para ingressarem no SENAI e posteriormente nas Oficinas Ferroviárias. Na seqüência de fotos, a primeira mostra um belo registro datado de 10 de outubro de 1950 no interior do Liceu. Na segunda foto vemos alunos do SENAI , do Liceu Operário e de outras escolas nos desfiles de 7 de setembro. A terceira foto registra outra celebração do Dia da Pátria com alunos biquenses desfilando pelas ruas da cidade.”








Aqui o Sr. Olympio nos traz um relato emocionado. “O ano era 1952, quando a Locomotiva à Vapor 310 veio completamente desmontada da Inglaterra, sendo totalmente montada pelos artífices biquenses em nossa oficinas, um marco na história das Oficinas de Bicas. Nesta época meu avô estava com 15 anos e cursava o SENAI, quando presenciou o trabalho efetuado com entusiasmo e competência pelos ferroviários biquenses. A Oficina de Bicas era o orgulho da Estrada de Ferro Leopoldina. Na foto, a Locomotiva 310 pronta para iniciar seus trabalhos, acompanhada dos ferroviários biquenses em 1° de junho de 1952.”




As fotos seguintes mostram claramente, segundo Sr. Olympio, “a importância da ferrovia para nossa cidade. Na primeira, vemos as Oficinas em plena atividade e a segunda foto é emblemática: observem a festa causada pela chegada do trem, o grande e verdadeiro rebuliço no centro de nossa cidade, onde o povo esperava na estação para receber seus familiares e amigos, visitantes ilustres e outros nem tanto, ou simplesmente saudar os viajantes e aguardar para ver o maravilhoso trem de ferro seguir viagem.”  







Sr. Olympio faz sempre questão de ressaltar que “a Leopoldina também se preocupava com o lazer e com o apoio ao esporte em nossa cidade. Prova disso eram os grandes times formados pelo Leopoldina Futebol Clube, como podemos ver nas fotos abaixo."







Sr. Olympio nos relata também a preocupação que a Leopoldina tinha em preparar bem seus funcionários.  O “ano era 1967, quando os funcionários das Oficinas de Bicas Eduardo Gomes, José Batista Vieira, José Leopoldo Machado e eu, Olympio Alves dos Reis participamos de um curso de manutenção e operação de Locomotivas Diesel realizado nas Oficinas de Praia Formosa, principal oficina da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, no Rio de Janeiro, que aconteceu de 24 de julho a 16 de outubro daquele ano.”




Por fim, em dois belos registros fotográficos, vemos "Sr. Olympio acompanhado de sua filha Luciana Reis Amorim e de sua sobrinha Graça Mattos à bordo da recém construída Dondoca, uma Pequena Locomotiva Diesel idealizada para realizar manobras nas oficinas. Vale ressaltar que a Dondoca, que já foi lembrada em nosso blog através das belas miniaturas de Octacílo - http://otremexpresso.blogspot.com.br/2016/06/obra-do-artista-biquense-octacilio-jose.html

- foi projetada e construída pelos ferroviários biquenses em nossa oficinas."









Outras fotos apresentadas.





Belo registro da Rua Coronel Souza.



Acima a Locomotiva 314.