sexta-feira, 28 de outubro de 2011

PRIMEIRO RELATÓRIO DA ESTRADA DE FERRO UNIÃO MINEIRA, de janeiro de 1878, registra a decisão que originou a cidade de Bicas.



Contando com a preciosa contribuição do amigo e incansável pesquisador Francisco T. Oliveira, trago hoje um importantíssimo documento, em especial para a cidade de Bicas. 

Trata-se do Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira, datado de 31 de janeiro de 1878 e apresentado na primeira Assembléia geral da Companhia, contendo importantes e históricas informações daquela que foi a mola mestra do desenvolvimento de toda a nossa região. 

São 28 páginas de uma maravilhosa história onde o que mais despertou minha atenção foi o relatório o Eng.  Pedro Betim Paes Leme discorrendo sobre todas as informações dos trabalhos por ele realizados até aquela etapa da grandiosa obra. E lá na página 19, para mim, a mais importante de todas as informações: o registro de uma decisão crucial para o surgimento daquela que seria a cidade de Bicas!


Relata Pedro Betim Paes Leme:

"...A Estação terminal dessa primeira seção, cujas obras se acham adjudiciadas, não pôde ser colocada no Arraial do Espírito Santo (hoje Guarará), como era nossa intensão e mais ardente desejo. As dificuldades desse traçado por um lado e as condições de um mais fácil prolongamento para São João (Nepomuceno), a que tínhamos que atender, por outro demoveram-nos do primeiro intento, obrigando-nos a designar para essa estação o lugar denominado Taboas (nasce Bicas).

A cerca de 2 kilometros do arraial do Espírito Santo é esse o lugar que mais se presta ao prolongamento de nossa linha, qualquer que seja a direção que nos aconselhem os estudos, a que estamos procedendo.

As grandes dificuldades da serra das Bicas, que temos que descer para chegar a São João se multiplicariam, se não se tornassem insuperáveis com a escolha de outro qualquer ponto".


O amigo e grande colaborador de nosso site Hugo Caramuru destacou que conhece vários relatos sobre ter existido um zigue-zague no primitivo trecho entre as estações de Serraria e Siveira Lobo. 

No relatório, o Eng. Pedro Betim Paes Leme deu grande ênfase sobre este zigue-zague:

  ..."É a primeira vez que se emprega no Brasil esse sistema de zigue-zague, com jogo de chave e recuamento do trem.".... 


Entre tantas valiosas e informações, o relatório demonstra claramente a importância da produção, colheita, transporte e exportação do café, além de outros produtos também produzidos na região. 

Traz também a relação do grupo de acionistas da Companhia e outra importante informação: a sede da Companhia na Estação de Serraria, ponto de partida da estrada de ferro.


Na página acima a origem de nossa cidade, "uma estação no lugar denominado Taboas", próximo à serra das Bicas.



Abaixo o Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira, completo.

















domingo, 23 de outubro de 2011

ESTAÇÃO SANTA HELENA - Localizada no Município de Bicas, era a primeira parada sentido a Três Rios.


Matéria atualizada em 19 de outubro de 2021.

Depois de muitos anos procurando uma foto que mostrasse a Estação de Santa Helena com mais riqueza de detalhes, trago dois belíssimos registros fotográficos. Acima, mostrando a Estação com riqueza de detalhes.



Abaixo, uma bela panorâmica da comunidade vendo no alto da foto, ao centro, o outro lado da Estação destacando o belo varandão.






Acima, recorte de uma belíssima foto do povoado de Santa Helena, destacando os trilhos, vagões estacionados e a Estação - prédio no centro, ao fundo.
Foto de Douglas Rhanna.
Trabalho de restauração fotográfica de Amarildo Mayrink.




 Na foto acima, o belíssimo registro do acervo familiar de João Batista Marques de Souza onde se vê seu avô Antônio Marques de Souza com seu elegante uniforme de Agente da Estação e o tradicional quepe na plataforma da Estação de Santa Helena, acompanhado de um jovem da comunidade. 


Sobre a foto acima, o comentário de João Batista Marques de Souza retrata com extrema nitidez todo o romantismo daquela época:

 “Meu caro Amarildo José Mayrink, fiquei honrado em poder compartilhar minhas fotos de Santa Helena. Você ainda fez um trabalho de restauração que trouxe detalhes da estação que ainda são bem nítidos em minha memória. O sino, por exemplo, era o objeto de desejo das crianças (sempre que podia puxava a corda para que ele batesse, mesmo levando uma bronca do meu avô). Lembro até dos prendedores das janelas, que pareciam com a cabeça de um soldado. Dentro do escritório o telégrafo era algo de surpreendente!! (imagina falar isso hoje pra turma do celular !!! ) Muito bom recordar um período maravilhoso da infância, das corridas pela plataforma da estação, do caminhar pelos trilhos, das brincadeiras com os filhos do sr Geraldo Flora, que tinha uma "venda" bem em frente a estação e eram muito amigos de toda a minha família. Tempo bom!!!!”




Numa valiosa contribuição da amiga Eliane Nobrega de Aguilar, inédito registro de um acidente nas proximidades de sua propriedade, na chegada a Santa Helena.



Na foto acima, a "venda" do Sr. Geraldo Flora mencionada por João Batista Marques de Souza em seu comentário.




 Acima, mais um registro do acervo familiar de João Batista Marques de Souza datado de 17/02/1953 - o rei Momo e sua comitiva aguardam o trem na estação de Santa Helena rumo ao carnaval em Bicas. 
Ao lado do Rei Momo, sua avó Diva e sua irmã Rita. João Batista não soube informar quem é a outra mulher entre elas.




Mais um registro do acervo familiar de João Batista Marques de Souza. Na plataforma da estação, da esquerda para direita: Rita Ottoni Marques, Theresa Marques de Oliveira, Diva Ottoni Dias, Dalva Marques de Souza, João Batista Marques de Souza e Marco Antonio Marques de Oliveira.





Acima, a foto original do povoado de Santa Helena cedida pelo amigo Douglas Rhanna. Nela vemos a Casa de Turma, na extrema direita. Mais ao alto, à esquerda, a Capela. Ao fundo, no centro, a Estação.








Estação SANTA HELENA



Município: Bicas
Linha de Caratinga – km 182,360 (1960)
Inaugurada em: 07 de julho de 1879
Estive no local em: 06 de agosto de 2009
Uso Atual – Demolida.
Situação Atual – Trecho declarado erradicado e sem trilhos.


Cia. União Mineira (1879-1884)
Leopoldina Railway e E.F.Leopoldina (1884-1975)
RFFSA (1975-1994)














HISTÓRICO:

Localizada no Município de Bicas, era a primeira parada antes de chegar à Estação de Pequeri, para quem viajava sentido ao Rio de Janeiro.
Segundo documenta o livro de Cyro Deocleciano Pessoa Jr. a Estação de Santa Helena teria sido inaugurada em 1879, mas em 13 de maio e não 7 de julho, como informam os documentos e cartas ferroviárias. Acreditamos que a inauguração oficial tenha acontecido na chegada do primeiro trem à estação, o que aconteceu em 7 de julho.
A estação era situada no pequeno povoado de Santa Helena, hoje Distrito do Município de Bicas.


A ESTAÇÃO:

A Estação já não existe mais e sempre gerou informações desencontradas. Inclusive alguns chegaram a afirmar que não existiu o prédio, mas apenas a plataforma com uma cobertura.
Porém, existiu sim uma Estação no local!
Depois de muitos anos procurando uma foto que mostrasse a Estação de Santa Helena com mais riqueza de detalhes, eis que recebo o carinhoso convite da Escola Municipal da comunidade para participar da Feira Cultural de 2019, onde o tema foi a "História da Ferrovia em Bicas", tema também de palestras que apresentei em todas as escolas resgatando a importância histórica da ferrovia para o nascimento de Bicas. 
Ao chegar, uma belíssima surpresa - aliás, uma não, mas duas belíssimas surpresas - dois belíssimos registros fotográficos expostos. 
O primeiro, mostrando a Estação com riqueza de detalhes. O segundo, uma bela panorâmica da comunidade vendo no alto da foto, ao centro, o outro lado da Estação, destacando o belo varandão.

Além destes, já havíamos recebido registros fotográficos de Douglas Rahanna e de João Batista Marques de Souza comprovando a existência da Estação.
Tratava-se de uma edificação onde paredes de alvenaria eram usadas apenas nas cabeceiras compondo o escritório e a sala do Chefe da Estação. A maior extensão das paredes laterais eram construídas em madeira formando o grande salão central. Este tipo de configuração foi utilizado em várias estações da Estrada de Ferro Leopoldina, citando como exemplo a estação de Roça Grande, construída nos mesmos moldes.

Como aconteceu com a maioria das estações edificadas nesta configuração, a Estação de Santa Helena também não resistiu. Hoje ela não existe mais! Não ficou nem sua antiga plataforma como registro de que um dia os trens da Leopoldina passaram por ali.
As belas fotos cedidas pelos amigos Dougla Rhanna e João Batista Marques de Souza mostram a estação com locomotiva e vagões estacionados próximo a ela.
Por fim, as fotos apresentadas na Feira Cultural completam a matéria com riqueza de detalhes. Agradeço à diretora da Escola da Comunidade de Santa Helena Gislaine por estas verdadeiras preciosidades.

A Estação e os trilhos já não existem mais, mas ainda hoje podemos encontrar na saída de Santa Helena para Pequeri, as cabeceiras de uma ponte por onde passavam os trens da Leopoldina, estruturas em pedras e cimento que resistiram firmemente ao tempo e são hoje, junto com a Casa de Turma - hoje residência familiar - os únicos vestígios de que o trem passou por Santa Helena.

O antigo leito ferroviário foi transformado em rodovia, na área urbana da comunidade e em praticamente todo o antigo trecho entre Bicas e Santa Helena.




Sobre a foto da estação apresentada abaixo que foi apresentada na Feira Cultural, Sr. Osvaldo F. da Silva nos enviou a seguinte mensagem:

“Algumas pessoas da foto eu conheço: o de camisa branca e calça preta é o Sr. José de Oliveira; o que está atrás dele de branco é o Sr. José Machado, Auxiliar do Feitor; o outro de camisa branca e calça preta é o Sr. Noé, ferroviário amigo de José Oliveira que trabalhava em outro departamento; o de branco que está abaixo da plataforma é o Feitor Sr. Pedro Paulo.
As duas moças na plataforma, uma é Luci e a outra, sua irmã. Se não me engano o nome é Yolanda! 
O rapaz que está com uma enxada não estou reconhecendo.”
Santa Helena no tempo da ferrovia - sua Estação.


Hoje em seu lugar, uma praça pública.




Abaixo, o amigo João Batista Marques de Souza também nos presenteou com o registro da chegada do “21” à Estação de Santa Helena em 17 de março de 1952. 
É ou não é uma preciosidade!


Santa Helena, em 1952 - Foto de João Batista Marques de Souza com trabalho de restauração fotográfica de Amarildo Mayrink. 





Outro belo registro do acervo familiar de João Batista Marques de Souza, sua avó Rita Ottoni Marques; a sobrinha dela Shirley; Ernani Candido Dias - cunhado da avó; Consuelo Mota - sobrinha da avó e abaixada Maria Ottoni - irmã da avó - na plataforma da Estação de Santa Helena.



Graças a Douglas Ranna, João Batista, Márcia Haddad e Gislaine mais esta bela parte da história da ferrovia ficará registrada aqui na página otremexpresso, lembrança de bons tempos.

Sei que existem fotos com mais detalhes do antigo prédio da Estação e aqueles que quiserem contribuir conosco, teremos grande prazer em publicar aqui na página “otremexpresso”.



Acima, mais uma bela panorâmica da comunidade. No alto da foto, próximo às palmeiras, é possível ver uma pequena parte da  Estação. Mais à direita vemos vagões estacionados na linha férrea. 




Abaixo, a Casa de Turma localizada na área urbana de Santa Helena, hoje residência familiar - fotos: 08/2009.











Como memória e recordação da ferrovia naquele local, recebemos também duas fotos da amiga Márcia Haddad, de Bicas, onde segundo nos relatou, era carnaval e um grupo de familiares seguia de Santa Helena para Bicas. Na foto, o momento em que a composição deixava a estação de Santa Helena.









Na seqüência abaixo, próxima à saída de Santa Helena para o Município de Pequeri encontramos as cabeceiras de sustentação de uma antiga ponte - fotos: 10/2011.

















Outro belo registro do acervo familiar de João Batista Marques de Souza, de 17/03/1952, à direita Antonio Marques (com o uniforme de agente da estação); no meio Rita Ottoni Marques e à esquerda, Ernani Candido Dias.






 Tempos românticos em outro belo registro do acervo familiar de João Batista: da esquerda p/direita Marco Antonio Marques, Rita Ottoni, Ernani Candido Dias e Dalva Marques de mãos dadas com seu filho João Batista Marques de Souza.





De João Batista Marques de Souza, Santa Helena na década de 1950.