terça-feira, 10 de janeiro de 2017

ESTAÇÃO SÃO JOSÉ DO VALE DO RIO PRETO - Originalmente o final da Linha do Norte, Linha Tronco da Estrada de Ferro Grão Pará.

Matéria atualizada em 03 de fevereiro de 2024.


Acima, belíssima foto da Estação de São José do Vale do Rio Preto enviada pelo amigo Amauri Telles de Menezes. Lá no fundo, a Locomotiva já foi virada no girador e já está no desvio aguardando retornar sua viagem para Areal.


Vista parcial de São José do Vale do Rio Preto vendo-se todo o complexo ferroviário local - Estação, linhas, girador, vagões estacionados, desvios e galpão de manutenção ao fundo, além da Ponte Preta e do belo casarão do outro lado do rio - sem dúvida, uma das mais belas fotos que conheço da Estrada de Ferro Leopoldina.

Abaixo, croqui da região da Estação de São José do Vale do Rio Preto baseado na foto acima.


O Trem para na Estação – Óleo sobre tela, de Rita Pacheco.
Junto à tela o poema abaixo.

O dia amanhece
Sonolento e lento
O leiteiro na estação
Gente que vem e que vai
Alegre a labutar
Quantos sonhos no coração
Plantados com mãos fortes.


Na foto acima, trabalhadores da via permanente na manutenção da linha, ou mesmo já nos trabalhos de retirada dos trilhos após o Ramal ser desativado em 1947. A destacar o dístico da Estação com o nome "Paranaúna" - nome adotado nos anos de 1940 - que quer dizer Rio Preto.


Bela gravura exposta no Centro de Cultura Dr. Eugênio Ruótulo Netto.


Próximo ao local da antiga Estação, a bela réplica da Ponte Preta. A original foi destruída pela enchente.




Belíssima obra do artista local Célio Barroso retratando todo o complexo ferroviário de São José do Vale do Rio Preto.





Estação SÃO JOSÉ DO VALE DO RIO PRETO
Antiga Paranaúna


Ramal de São José do Vale do Rio Preto – Km 126 (1938)
Estação inaugurada em:  1° de novembro de 1886.
Estive no local em:  Janeiro de 2017 e janeiro de 2024.
Uso atual: Demolida.
Situação Atual – Ramal desativado em 1947.



E. F. Príncipe do Grão Pará (1886-1890)
E. F. Leopoldina (1890-1947)




Minha primeira visita a São José do Vale do Rio Preto aconteceu em maio de 2017, quando apresentei esta matéria pela primeira vez. 

Em maio de 2020 recebi com imensa alegria e emoção e-mail do amigo Amauri Telles de Menezes contendo verdadeiras preciosidades: as belíssimas e inéditas fotos das Estações de Tristão Câmara, Águas Claras e São José do Vale do Rio Preto.

Após receber convite do grande amigo Dalmo Gonçalves Machado para conhecer de perto as maravilhosas obras do artista Célio Barroso na Exposição "Célio Barroso - 100 anos de Arte", que aconteceu entre os dias 21 e 27 de janeiro de 2024, retornei a São José do Vale do Rio Preto e trago mais uma atualização da postagem sobre a Estação São José do Vale do Rio Preto com belíssimos e históricos registros.


Acima, mais um belíssimo registro do pátio da Estação.

Abaixo, o momento da despedida. O último Trem partindo de São José do Vale do Rio Preto.


HISTÓRICO:

A construção do prolongamento de Petrópolis a São José do Vale do Rio Preto teve início em 15 de outubro de 1884, sendo inaugurado ao tráfego em 1º de novembro de 1886 o então final da Linha do Norte, linha-tronco da pioneira Estrada de Ferro Grão Pará
Após a extensão da linha férrea até Três Rios e daí ao Estado de Minas Gerais a partir de 1900, o trecho passou a ser um pequeno Ramal de 25 km.
Por volta de 1940, a Estação e a localidade passaram a se chamar Paranaúna, que significa Rio Preto.

Com a construção de uma barragem pelo estado, o lago inundou grande área da região atingindo também a ferrovia. Com a inundação de parte da linha pela represa e a paralização da ferrovia, o Ramal foi desativado em 1947. 


No lugar da antiga Estação foi construída uma quadra poliesportiva. Ao lado dela permanece o prédio ferroviário, provavelmente uma antiga Casa de Turma ou Casa do Chefe da Estação - fotos de 2017. 



Abaixo, antigo registro da "Casa de Turma" ou "Casa do Chefe da Estação" após a erradicação do Ramal Ferroviário.


MINHA VISITA EM 2017:

Em 2017, após passar pela Estação de Águas Claras, cheguei finalmente a São José do Vale do Rio Preto, sede do Município. Como referência apenas uma foto - e belíssima foto por sinal - que apresentava todo o complexo ferroviário (Trilhos, Estação, vagões estacionados, girador, desvios e galpão de manutenção ao fundo).
Confesso que para um pesquisador ferroviário é muito triste chegar a uma localidade e encontrar pouquíssimos vestígios daquilo que aquela belíssima foto apresentava. 
Parti então para as tradicionais conversas com moradores e comerciantes. Na memória mais recente de todos, apenas a Ponte Preta - que não era de uso ferroviário - localizada bem próxima ao local onde um dia existiu o Virador de Locomotivas. A Ponte Preta é parte da história de São José, mas infelizmente também foi destruída, não pelas mãos dos homens, mas por uma grande enchente ocorrida em 2011. 
Reconstruída, a ponte atual é uma réplica da ponte original que mantem a história viva na memória de todos.

Buscando me posicionar geograficamente no local tendo a foto como referência, percebi que a antiga Estação ficava onde hoje existe uma quadra poliesportiva. Ao lado dela, uma casa com arquitetura parecida com a casa vizinha da Estação na foto - a antiga Casa de Turma - onde em 2017 funcionava o escritório da Ampla, empresa de energia elétrica local. 
Lá fui recebido pela atenciosa funcionária que começou a fazer minha visita valer a pena ao me sugerir que procurasse os proprietários de uma imobiliária do outro lado do rio, bem próxima à Ponte Preta, pois sabia que eles tinham vasto acervo fotográfico da cidade. A imobiliária funcionava exatamente no vistoso Casarão, um dos poucos vestígios da bela e antiga foto.
Chegando lá fui muito bem recebido por Léa e seu esposo Márcio Machado.
Seu cunhado Dalmo Gonçalves Machado não estava no momento, mas Léa me disse que com certeza ele teria muito material interessante para minhas pesquisas. Infelizmente, não pude estar com ele nesta visita, mas em contato posterior o mesmo colocou-se à disposição para contribuir - e que contribuição - através das redes sociais, onde mantemos contato.
Dalmo me convidou para fazer parte do grupo no facebook "Nosso Vale: Ontem, Hoje e Sempre". Trata-se de um belíssimo trabalho criado logo após um dos mais tristes momentos vividos pelos moradores de São José: a enchente de 2011, onde muitos perderam muito.
O principal objetivo do grupo era tentar resgatar a história da cidade através de fotos antigas, mesmo sabendo que infelizmente muita coisa havia se perdido na enchente. Hoje o grupo é extremamente ativo e o principal objetivo foi alcançado, com um belíssimo acervo fotográfico.

É graças a Dalmo que pude enriquecer esta postagem com as belíssimas fotos aqui apresentadas.


O Viradouro do Trem – Óleo sobre tela, de Rita Pacheco.
Junto à tela o poema abaixo.

O viradouro do trem
Perto da Ponte Preta
Espera o trem que vem
Espera o trem que vai
Cheio de recordação
São José espera
O João, O Pedro, O Waldemar
Tanta gente a passar
Perto da Ponte Preta.


MINHA VISITA EM 2024:

Após receber convite do grande amigo Dalmo Gonçalves Machado para conhecer de perto as maravilhosas obras do artista Célio Barroso na Exposição "Célio Barroso - 100 anos de Arte", que aconteceu entre os dias 21 e 27 de janeiro de 2024, retornei a São José do Vale do Rio Preto para viver belos e emocionantes momentos.

A Exposição estava realmente belíssima, com obras de arte realmente encantadoras, mas naturalmente as que mais me atraíram foram as telas envolvendo a história da ferrovia em São José, como a tela do Pátio Ferroviário e a tela da Ponte Preta.

Foi também a oportunidade esperada de conhecer pessoalmente o amigo Dalmo e de conhecer mais um novo amigo: Jerry Benevides, leitor assíduo da página otremexpresso que me presenteou com um histórico exemplar do Livro “Leopoldina Railway – 150 Anos de Ferrovia no Brasil”.

O Que dizer? Mais uma gratificante e emocionante viagem pelos caminhos da Estrada de Ferro Leopoldina! Mais uma atualização da postagem sobre a Estação São José do Vale do Rio Preto com belíssimos e históricos registros.


Junto de Dalmo Gonçalves Machado recebendo do mais novo amigo Jerry Benevides um histórico exemplar do Livro “Leopoldina Railway – 150 Anos de Ferrovia no Brasil”.


A PONTE PRETA:

Foto da Ponte Preta original, antes da grande enchente que a destruiu em 2011.

A histórica Ponte Preta está bem próxima do local onde ficava o Virador de Locomotivas. Construída em estruturas de ferro na mesma época da construção da Estação e do complexo ferroviário, muitos acreditavam que o Trem já teria passado por ela. Na verdade, ela era o principal acesso do centro da cidade à Estação.

A Ponte Preta resistiu por longos anos após a retirada dos trilhos, a destruição do Virador e demolição da Estação. Mas veio a grande enchente de 2011 causando grandes estragos na cidade. E o principal deles foi a destruição da histórica Ponte Preta, que não resistiu ao volume da grande correnteza. Após baixar o nível do rio, o que sobrou da Ponte Preta foi recolhido e depositado em outro local. Mas a comoção pela perda da histórica ponte levou o Município da construir uma réplica da original, que lá se encontra até os dias de hoje.

Com o passar do tempo a maioria das peças originais de aço que sobraram foram sumindo restando apenas um dos arcos, que está depositado na área do Centro de Cultura Dr. Eugênio Ruótulo Netto aguardando por um projeto que possa reintegrá-lo como lembrança histórica da Ponte Preta.

Acima e abaixo, a Ponte Preta original destruída pela enchente de 2011.


Peças da Ponte Preta que foram recolhidas após sua destruição pela grande enchente de 2011.


Um dos arcos da Ponte Preta original, que está depositado na área do Centro de Cultura Dr. Eugênio Ruótulo Netto aguardando por um projeto que possa reintegrá-lo como lembrança histórica.

Acima e abaixo, belíssimas obras do artista local Célio Barroso retratando a histórica Ponte Preta.

Na sequência abaixo, registros da Ponte Preta – a réplica - nos dias de hoje.




Nas fotos abaixo, a antiga Casa de Turma ainda resiste.








Na histórica sequência abaixo, registros fotográficos dos tempos da Ferrovia em São José do Vale do Rio Preto.
Outro foto da Estação sob o nome de “Paranaúna”.


Comércio local próximo à Estação.

Abaixo, registros da Exposição "Célio Barroso - 100 anos de Arte", que aconteceu entre os dias 21 e 27 de janeiro de 2024.

Acima, a bela gravura de Marcos Silva em homenagem ao artiste Célio Barroso.

Além das obras de arte relembrando a ferrovia e a Ponte Preta já expostas nesta matéria, vemos abaixo a Igreja Matriz de São José do Vale do Rio Preto sob o olhar de Célio Barroso.



Acima e abaixo, com os amigos na Exposição "Célio Barroso - 100 anos de Arte", que aconteceu entre os dias 21 e 27 de janeiro de 2024.

Abaixo, mais alguns registros históricos.O antigo Hotel 09 de Maio, quase em frente à Estação.



Carro alegórico do carnaval de 1929, vendo-se os trilhos da ferrovia.



4 comentários:

Dousseau disse...

Linda matéria!

Diana Maria Preta Rowntree disse...

Muito bacana!

mega sam disse...

Parte da história do nosso povo. Parabéns

Emmanuel Almeida disse...

Mais um tempo passado aqui repleto de emoções, além de tudo, conheço São José do Vale do Rio Preto, seu povo ordeiro e educado. Abraços.

Emmanuel Almeida poeta Mineiro.