quarta-feira, 19 de março de 2025

ESTAÇÃO SANTA MARIA MADALENA - Estação final de um importante Ramal no período do café.

Acima e nas três fotos abaixo, a bela e bem cuidada Estação de Santa Maria Madalena que hoje abriga a Casa da Cultura, um Museu e uma Biblioteca.


“Ontem & hoje” da Estação: acima, registro de uma chegada festiva do Trem.

Abaixo, num ângulo parecido, belo cenário com a antiga Estação ao fundo.


Bela panorâmica de Santa Maria Madalena do acervo de Mário Guimarães, vendo-se a Estação lá no alto, à direita da foto.


O Trem na Estação de Santa Maria Madalena era sempre uma atração para fotografias. Acervo de Mário Guimarães.


Belíssima e histórica foto do acervo de Mário Guimarães, onde vemos o complexo ferroviário de Santa Maria Madalena: a Estação, a Caixa d'água e o Virador de Locomotivas.

Mais uma histórica foto de 1972, de Jorge Feijó. Nela aparecem a Estação e a Casa do Chefe da Estação, onde é possível ver “EFL” escrito na parede. A linha já tinha sido aparentemente removida, fato ocorrido na década de 60.


Acima e abaixo, a Casa do Chefe da Estação que aparece na foto de 1972. Ela está preservada dentro do hoje Hotel Girassol da Serra.


Abaixo, o Casarão que também aparece na foto de 1972 e na mais antiga. Nesta foto o prédio é visto em sentido contrário ao das fotos antigas. Hoje o prédio recebeu acréscimo em sua parte de traz (construído em parte onde um dia existiu o Virador de Locomotivas) sendo transformado no belo Hotel Girassol da Serra.


Paulo Neiva Pinheiro e a Estação de Santa Maria Madalena, hoje "Casa da Cultura, Museu e Biblioteca".



SANTA MARIA MADALENA-RJ


usina-correa



Município: Santa Maria Madalena-RJ

Ramal Sta. Maria Madalena - Km 360,972 (1960)

Altitude:  632 m

Estação inaugurada em:  05 de dezembro de 1890.

Estive no local em:  Ainda não visitei a Estação. Fotos de Paulo Neiva Pinheiro e Mário Guimarães.

Uso atual: Casa de Cultura, Museu e Biblioteca. 

Situação Atual – Ramal erradicado, sem trilhos. 

 

E. F. Santa Maria Madalena (1891-1907)

E. F. Leopoldina (1907-1963)


HISTÓRICO DA LINHA: 

Conforme cita o site estacoesferroviarias, de Ralph Mennucci Giesbrecht...

“O Ramal que ligava Entroncamento (Conde de Araruama) a Ventania (Trajano de Moraes) teve a linha entregue em 1878 até Conceição e no ano seguinte até Triunfo (Itapuá) e Ventania, pela E. F. Barão de Araruama. Somente em 1896, já com as linhas de posse da Leopoldina, foi entregue a continuação até Visconde do Imbé e em 1897 a Manoel de Morais. Antes disso, em 1891, o engenheiro Ambrosino Gomes Calaça havia aberto uma linha entre Ventania e Santa Maria Madalena, estabelecendo outro Ramal. Logo após a inauguração, a linha foi vendida à E. F. Santa Maria Madalena, e em 1907 à Leopoldina. Dependendo da época, a Linha Principal era Conde de Araruama-Madalena, ou Conde de Araruama-Manoel de Morais, com o outro trecho sendo o Ramal, ou seja, passando por baldeação ou espera em Trajano de Moraes. Em 31/08/1965, o trecho a partir de Triunfo foi suprimido para trens de passageiros, ou seja, o entroncamento de Trajano de Moraes já não era alcançado. Em 1966 ou 1967, o que restava do Ramal acabou de vez. Ficou, entretanto, o trecho entre Conde de Araruama e Conceição de Macabu ainda funcionando para a Usina Victor Sence, até o início dos anos 1990. Com a sua desativação, os trilhos foram arrancados.” 


A ESTAÇÃO:

Em viagem de pesquisas pelos caminhos da E. F. Leopoldina, o amigo Paulo Neiva Pinheiro chegou à Estação de Santa Maria Madalena, ponto final do Ramal. Segue seu relato sobre mais uma visita: 

“A Estação de Santa Maria Madalena foi aberta ainda pela E. F. Barão de Araruama em 1890. Logo em seguida foi adquirida pela Leopoldina. O Trem alavancou o desenvolvimento de Santa Maria Madalena por muitos anos, mas com o decreto 58.992/66 (Programa de Erradicação de Ramais Antieconômicos) o Ramal de Santa Maria Madalena foi fechado em 1965. O mesmo decreto previa a construção de uma rodovia asfaltada para substituir o Trem, mas, como não foi cumprida esta parte, o processo de desagregação socioeconômica do município se agravou. Apenas no final dos anos 1970 foi asfaltada a estrada que ligaria a cidade a Nova Friburgo. A Estação hoje abriga a Casa da Cultura, um Museu e uma Biblioteca.”


Outra bela panorâmica de Santa Maria Madalena do acervo de Mário Guimarães, vendo-se a Estação lá no alto, à direita da foto.


Sim! Essa calçada de pedras de cantaria é da época da construção da Estação. Era essa calçada que a comunidade usava para subir até a Estação em dias de chuva onde a rua ficava enlameada, pois não era pavimentada.


A última viagem no Ramal feita em 1965 com o Trem partindo da Estação de Santa Maria Madalena foi relatada dez anos depois do fim por um escritor local: 

"Lembro-me bem do derradeiro dia em que o Trem deixou a Estação. Com o sonoro e melancólico toque do sino é dada a saída precisamente às 6 horas e 20 minutos. Muita gente lá estava para a despedida. Vagarosamente vai deslizando pelos trilhos até a curva da chácara do Américo Lima. Aí faz uma paradinha, ouvindo-se um agudo e angustioso apito, fazendo de conta como se fosse um adeus para sempre. E lá se foi pela estrada afora, deixando uma baforada de fumaça que pouco a pouco foi desaparecendo. O carro misto de 1a e 2a classe estava todo ornamentado de hortênsias azuis e rosas, repleto de passageiros. Por onde ele passou: Loreti, Trajano de Moraes, Leitão da Cunha, o trecho da serra, vendo-se lá embaixo o rio Triunfo e o Conceição, as manifestações de despedida foram as mais sentidas e expressivas, sendo que na de Conceição de Macabu havia uma banda de música que executou, na partida, a melodia Valsa da Despedida, tendo o padre local usado da palavra, o que fez muita gente chorar. O ponto do almoço, em Conceição, onde na mesa não faltava a boa carne de porco, a galinha, a couve picadinha, o torresmo, o tutu com carne seca desfiada, etc., e o custo era apenas de dois mil réis. Depois vinha Paciência e finalmente Conde de Araruama, local em que se fazia a baldeação para Campos, Niterói ou Rio. Esse Trem, verdadeiro calhambeque, ajustado num amontoado de peças usadas e quase imprestáveis, e muitas vezes, nos trechos de subida, os passageiros tinham de saltar para que o peso diminuísse. Os dormentes, já podres, cediam com a passagem da máquina, ocasionando descarrilamentos. Com alavancas, depois de estafante e penosa operação, a máquina era colocada novamente sobre os trilhos. Em dias chuvosos, abria-se o guarda-chuva dentro do vagão e quando havia boi ou cavalo na linha, o Trem gingava e apitava até que o animal saísse da linha. Quando um passageiro se atrasava para o embarque, esperava-se o amigo, que, se não tivesse dinheiro para a passagem, não tinha importância, pagaria na volta. Mas, apesar dos pesares, esse Trenzinho que carregava a gente, todo bamboleante e desengonçado, aos trancos e solavancos, chegava sempre ao seu destino e ninguém reclamava, achando até tudo muito bom. E era" (Octavio Fajardo Rodrigues, 1975). 


Na sequência abaixo, a Estação de Santa Maria Madalena em detalhes.  





Sinos da Estação. O maior parece ter sido de Locomotiva.


Essas portas e janelas parecem ser originais de época.



E essa luminária também parece ser de época. Na Estação da Usina Corrêa tem delas também.


A Casa do Chefe da Estação, por Paulo Neiva Pinheiro:

“A Casa do Chefe da Estação de Santa Maria Madalena aparece na foto de 1972 com a inscrição EFL e está preservada dentro do Hotel Girassol da Serra, sendo usada hoje como área de churrasco do hotel. Mantém suas portas, janelas e telhado ainda originais. Ela fazia parte do conjunto Estação, Viradouro (demolido) e Casa do Agente da Estação. Foi muito provavelmente construída pela E.F. Leopoldina.”

Na sequência abaixo, a Casa do Chefe da Estação em detalhes.











Construção do Século XIX - Atual Hotel Girassol da Serra em Santa Maria Madalena-RJ, por Paulo Neiva Pinheiro:

“Construção secular localizada bem perto da Estação Ferroviária de Santa Maria Madalena-RJ aparece em fotos antigas, com seu alicerce construído com pedras e as escadas com pedras de cantaria, a construção foi ampliada, recebendo anexos e hoje serve como Hotel (espero um dia poder me hospedar aí). A bela construção chama a atenção de quem por ali passa pela também bela construção de seu porão de baixo, todo feito de pedras e possivelmente construído com mão de obra escrava. Teria sido a sede (Casa Grande) de alguma fazenda Cafeeira do período do ciclo do café? Ou a casa de passeio de algum grande fazendeiro da época? Pode ser… A cidade de Santa Maria Madalena foi uma grande produtora de café nesse período exportando muito café pela ferrovia que existia partindo dali.”


Na sequência abaixo, o Hotel Girassol da Serra em detalhes. 







2 comentários:

Anônimo disse...

Muito feliz em poder contribuir de alguma forma. Agora vai até Manuel de Moraes, ambos Ramais saíram de Trajano de Morais-RJ
Paulo Neiva Pinheiro

Amarildo Mayrink disse...

Sim! Serão as próximas publicações!