Acima e nas três fotos abaixo, a bela e bem cuidada Estação de Santa Maria Madalena que hoje abriga a Casa da Cultura, um Museu e uma Biblioteca.
Bela panorâmica de Santa Maria Madalena do acervo de Mário
Guimarães, vendo-se a Estação lá no alto, à direita da foto.
O Trem na Estação de Santa Maria Madalena era sempre uma
atração para fotografias. Acervo de Mário Guimarães.
Mais uma histórica foto de 1972, de Jorge Feijó. Nela aparecem a Estação e a Casa do Chefe da Estação, onde é possível ver “EFL” escrito na parede. A linha já tinha sido aparentemente removida, fato
ocorrido na década de 60.
Acima e abaixo, a Casa do Chefe da Estação que aparece na foto de 1972. Ela está preservada dentro do
hoje Hotel Girassol da Serra.
Abaixo, o Casarão que também aparece na foto de 1972 e na mais antiga. Nesta foto o prédio é visto em sentido contrário ao das fotos antigas. Hoje o prédio recebeu acréscimo em sua parte de traz (construído em parte onde um dia existiu o Virador de Locomotivas) sendo transformado no belo Hotel Girassol da Serra.
SANTA MARIA MADALENA-RJ
Município: Santa Maria Madalena-RJ
Ramal Sta. Maria Madalena - Km 360,972 (1960)
Altitude: 632 m
Estação inaugurada em: 05 de dezembro de 1890.
Estive no local em: Ainda não visitei a Estação. Fotos de Paulo Neiva Pinheiro e Mário Guimarães.
Uso atual: Casa de Cultura, Museu e Biblioteca.
Situação Atual – Ramal erradicado, sem trilhos.
E. F. Santa Maria Madalena (1891-1907)
E. F. Leopoldina (1907-1963)
HISTÓRICO DA LINHA:
Conforme cita o site estacoesferroviarias, de Ralph Mennucci Giesbrecht...
“O Ramal que ligava Entroncamento (Conde de Araruama) a Ventania (Trajano de Moraes) teve a linha entregue em 1878 até Conceição e no ano seguinte até Triunfo (Itapuá) e Ventania, pela E. F. Barão de Araruama. Somente em 1896, já com as linhas de posse da Leopoldina, foi entregue a continuação até Visconde do Imbé e em 1897 a Manoel de Morais. Antes disso, em 1891, o engenheiro Ambrosino Gomes Calaça havia aberto uma linha entre Ventania e Santa Maria Madalena, estabelecendo outro Ramal. Logo após a inauguração, a linha foi vendida à E. F. Santa Maria Madalena, e em 1907 à Leopoldina. Dependendo da época, a Linha Principal era Conde de Araruama-Madalena, ou Conde de Araruama-Manoel de Morais, com o outro trecho sendo o Ramal, ou seja, passando por baldeação ou espera em Trajano de Moraes. Em 31/08/1965, o trecho a partir de Triunfo foi suprimido para trens de passageiros, ou seja, o entroncamento de Trajano de Moraes já não era alcançado. Em 1966 ou 1967, o que restava do Ramal acabou de vez. Ficou, entretanto, o trecho entre Conde de Araruama e Conceição de Macabu ainda funcionando para a Usina Victor Sence, até o início dos anos 1990. Com a sua desativação, os trilhos foram arrancados.”
A
ESTAÇÃO:
Em viagem de pesquisas pelos
caminhos da E. F. Leopoldina, o amigo Paulo Neiva
Pinheiro chegou à Estação de Santa Maria Madalena, ponto
final do Ramal. Segue
seu relato sobre mais uma visita:
“A Estação de Santa Maria Madalena foi
aberta ainda pela E. F. Barão de Araruama
em 1890. Logo em seguida foi adquirida pela Leopoldina. O Trem alavancou o
desenvolvimento de Santa Maria Madalena por muitos anos, mas com o decreto
58.992/66 (Programa de Erradicação de Ramais Antieconômicos) o Ramal de Santa Maria Madalena foi
fechado em 1965. O mesmo decreto previa a construção de uma rodovia asfaltada
para substituir o Trem, mas, como não foi cumprida esta parte, o processo de
desagregação socioeconômica do município se agravou. Apenas no final dos anos
1970 foi asfaltada a estrada que ligaria a cidade a Nova Friburgo. A Estação
hoje abriga a Casa da Cultura, um Museu
e uma Biblioteca.”
Outra bela panorâmica de Santa Maria Madalena do acervo de Mário Guimarães, vendo-se a Estação lá no alto, à direita da foto.

A última viagem no Ramal feita em 1965 com o Trem partindo da Estação de Santa Maria Madalena foi relatada dez anos depois do fim por um escritor local:
"Lembro-me bem do derradeiro dia em que o Trem deixou a Estação.
Com o sonoro e melancólico toque do sino é dada a saída precisamente às 6 horas
e 20 minutos. Muita gente lá estava para a despedida. Vagarosamente vai
deslizando pelos trilhos até a curva da chácara do Américo Lima. Aí faz uma
paradinha, ouvindo-se um agudo e angustioso apito, fazendo de conta como se
fosse um adeus para sempre. E lá se foi pela estrada afora, deixando uma
baforada de fumaça que pouco a pouco foi desaparecendo. O carro misto de 1a e
2a classe estava todo ornamentado de hortênsias azuis e rosas, repleto de
passageiros. Por onde ele passou: Loreti, Trajano de Moraes, Leitão da Cunha, o
trecho da serra, vendo-se lá embaixo o rio Triunfo e o Conceição, as
manifestações de despedida foram as mais sentidas e expressivas, sendo que na
de Conceição de Macabu havia uma banda de música que executou, na partida, a
melodia Valsa da Despedida, tendo o padre local usado da palavra, o que fez
muita gente chorar. O ponto do almoço, em Conceição, onde na mesa não faltava a
boa carne de porco, a galinha, a couve picadinha, o torresmo, o tutu com carne
seca desfiada, etc., e o custo era apenas de dois mil réis. Depois vinha
Paciência e finalmente Conde de Araruama, local em que se fazia a baldeação para
Campos, Niterói ou Rio. Esse Trem, verdadeiro calhambeque, ajustado num
amontoado de peças usadas e quase imprestáveis, e muitas vezes, nos trechos de
subida, os passageiros tinham de saltar para que o peso diminuísse. Os
dormentes, já podres, cediam com a passagem da máquina, ocasionando
descarrilamentos. Com alavancas, depois de estafante e penosa operação, a
máquina era colocada novamente sobre os trilhos. Em dias chuvosos, abria-se o
guarda-chuva dentro do vagão e quando havia boi ou cavalo na linha, o Trem
gingava e apitava até que o animal saísse da linha. Quando um passageiro se
atrasava para o embarque, esperava-se o amigo, que, se não tivesse dinheiro
para a passagem, não tinha importância, pagaria na volta. Mas, apesar dos
pesares, esse Trenzinho que carregava a gente, todo bamboleante e desengonçado,
aos trancos e solavancos, chegava sempre ao seu destino e ninguém reclamava,
achando até tudo muito bom. E era" (Octavio Fajardo Rodrigues, 1975).
Sinos da Estação. O maior parece ter sido de Locomotiva.
Essas portas e janelas parecem ser originais de época.
A Casa
do Chefe da Estação, por Paulo Neiva Pinheiro:
“A Casa
do Chefe da Estação de Santa Maria Madalena aparece na foto de
1972 com a inscrição EFL e está
preservada dentro do Hotel Girassol da Serra, sendo usada hoje como área
de churrasco do hotel. Mantém suas portas, janelas e telhado ainda originais.
Ela fazia parte do conjunto Estação,
Viradouro (demolido) e Casa do Agente da Estação. Foi muito
provavelmente construída pela E.F. Leopoldina.”
Construção
do Século XIX - Atual Hotel Girassol da Serra em Santa Maria Madalena-RJ, por Paulo Neiva Pinheiro:
“Construção
secular localizada bem perto da Estação Ferroviária de Santa Maria Madalena-RJ
aparece em fotos antigas, com seu alicerce construído com pedras e as escadas
com pedras de cantaria, a construção foi ampliada, recebendo anexos e hoje
serve como Hotel (espero um dia poder me hospedar aí). A bela construção chama
a atenção de quem por ali passa pela também bela construção de seu porão de
baixo, todo feito de pedras e possivelmente construído com mão de obra escrava.
Teria sido a sede (Casa Grande) de alguma fazenda Cafeeira do período do ciclo
do café? Ou a casa de passeio de algum grande fazendeiro da época? Pode ser… A
cidade de Santa Maria Madalena foi uma grande produtora de café nesse período exportando
muito café pela ferrovia que existia partindo dali.”
2 comentários:
Muito feliz em poder contribuir de alguma forma. Agora vai até Manuel de Moraes, ambos Ramais saíram de Trajano de Morais-RJ
Paulo Neiva Pinheiro
Sim! Serão as próximas publicações!
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