Belíssimo registro do
início da década de 1900, onde vemos a Praça do Divino Espírito Santo,
destacando a linha da antiga Estrada de Ferro Guararense já sendo usada pelo bonde de tração animal da Ferrocarril Guararense - acervo Guarará Patrimônio Histórico.
Acima, recorte do Jornal “O Guarará”, de 19 de julho de 1896
(Biblioteca Nacional).
Hoje quero resgatar uma importante parte da história do
transporte sobre trilhos em Bicas e Guarará.
Trata-se da Estrada de Ferro Guararense,
posteriormente denominada Cia. Ferrocarril Guararense, história que me levou a
pesquisar arquivos de fotos antigas, contando principalmente com a preciosa
contribuição de minha irmã Marly Maria Mayrink - outra pesquisadora por
natureza - que após passar uma tarde garimpando histórias em antigos
jornais da Zona da Mata de Minas Gerais na Biblioteca Nacional, encontrou
algumas preciosidades como as propagandas da Estrada de Ferro Guararense,
publicadas no Jornal O Guarará, datado de 29 de julho de 1896 com
anúncios de horários e preços das passagens.
Nos anúncios de jornal garimpados por Marly, podemos ver a
preocupação dos administradores da Ferrovia em combinar seus horários com os
horários dos trens da Leopoldina.
Neste trabalho, contei também com a colaboração da página
"Guarará - História em Fotos", cujo endereço é: http://guararahistoria.blogspot.com.br/2017/06/a-historia-da-estrada-de-ferro.html
Originalmente denominada Estrada de Ferro Guararense, este
pequeno ramal ferroviário foi inaugurado em 23 de julho de 1896 circulando com
três viagens diárias regulares entre as localidades. Com sede na Villa do
Espírito Santo de Guarará, esta ferrovia tinha como objetivo ligar a sede da Villa à
Bicas, ainda distrito de Guarará.
Os trens da E. F. Guararense trafegavam sobre uma bitola de 0,60m e saíam da
Praça do Divino Espírito Santo, no centro, percorrendo 4 km até Bicas, onde
estacionavam próximo à estação da Estrada de Ferro Leopoldina, em frente a um
bar, local onde hoje está situado a Prefeitura de Bicas.
O principal motivo da construção desta ferrovia era escoar a
produção agrícola de Guarará, especialmente o café, principal iguaria produzida
na cidade, como também e toda a Zona da Mata Mineira.
Infelizmente, logo no início de seu funcionamento, apresentaram-se falhas de ordem
técnica tendo seu plano de construção e concretização notoriamente mal
concebido, especialmente na aquisição dos equipamentos, como locomotiva
extremamente pequena para tracionar com vagões de grande porte se comparados a
ela, somado aos problemas orçamentários existentes antes mesmo de entrar em
operação levando a E. F. Guararense a operar por não mais que dez meses.
Acima e abaixo, páginas do Almanaque
do Município de Guarará, de 1899, relatam os problemas enfrentados pela estrada
de Ferro Guararense que acabaram levando à desativação da mesma.
Na foto
acima, o Bonde tracionado por animais tinha como ponto de partida em Bicas o
local onde hoje está situado o prédio da Prefeitura da cidade. Na foto, vemos a Rua dos
Operários e a Estação Ferroviária ao fundo.
Ferrocarril Guararense.
Buscando não deixar se perder todo o
investimento para a construção da ferrovia, em janeiro de 1899 começou a
funcionar a Ferrocarril Guararense, utilizando a mesma malha ferroviária da
antiga E. F. Guararense, agora com vagonetes adaptados para tração animal
transportando passageiros e pequenas cargas. Este modelo de transporte
funcionou até 1923, encerrando definitivamente o transporte sobre trilhos entre
as localidades, tendo os trilhos retirados no ano seguinte e o antigo leito
transformado em estrada de rodagem.
Modelo de Bonde de tração animal da
Ferrocarril Guararense, que substituiu o trem da Estrada de Ferro Guararense.
Projeto de Lei autorizando a venda da Estrada de Ferro
Guararense.
Na foto
acima postada por Edna Galil no facebook, belo registro da Rua Coronel Souza datado de 1920, em frente a onde hoje
está situado o Banco do Brasil. Nela vemos os trilhos do Bonde, por onde um dia
também passou o Trem da Estrada de Ferro Guararense.
A RUA DO BONDE
Muito se fala sobre a famosa "Rua do
Bonde", sobre o porquê deste carinhoso “apelido” à Rua Artur
Bernardes, aqui em Bicas.
Tal "apelido" nasceu justamente pelo fato de nela ter
passado por alguns anos o bonde transportando passageiros na época em que Bicas
era Distrito da Villa de Guarará.
Na foto
acima, outro registro do Bonde tracionado por animais passando pela localidade
de Areal, já no Município de Guarará.
2 comentários:
Relação de funcionários.
data: 18/12/2015 | de: Edna Lopes de Aguiar Freitas
Estamos levantando a árvore genealógica da família Freitas em Guarará e o bisavô do meu marido chamava-se Capitão Belchior Freitas. Sabemos apenas que foi um dos primeiros condutores na Estrada de Ferro Leopoldina, era de Guarará, seu filho era Luiz de Freitas Santos que casou-se com Guiomar Leite de Freitas, cujo pai era Francisco Ferreira de Paula Leite, não temos absolutamente nada a respeito de Belchior! Se porventura passou de alguma maneira por esse nome e puder ajudar agradecemos e parabenizamos o senhor belo belo trabalho de recuperação da memória dessa valiosa ferrovia. Abraços,
Edna Freitas
(email: ednaaguiarfreitas@hotmail.com)
Re:Relação de funcionários.
data: 21/12/2015 | de: Amarildo Mayrink
Cara leitora Edna, infelizmente até o momento não passei por este nome em minhas pesquisas. Caso venha encontrá-lo entrarei em contato. Quem sabe nossos leitores conhecem alguma história onde o nome dele apareça?
Vamos aguardar! Atenciosamente,
Amarildo Mayrink
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