Matéria
atualizada em 20 de agosto de 2023.
Acima, a Estação de Porciúncula em minha última
visita, em junho de 2023.
Abaixo, o belíssimo, mas triste registro da
passagem do último Trem por Porciúncula.
Acima, mais dois registros da Estação de Porciúncula em minha última visita, em junho de 2023.
Belíssima arte pintada em tela exposta na Praça ao
lado da Estação.
Acima, mais três registros da Estação de Porciúncula em minha última visita, em junho de 2023.
Abaixo, belíssimo registro da Estação de Prociúncula, vendo-se o trem estacionado na plataforma. Restauração fotográfica – Amarildo Mayrink.
Outro belo registro
de Porciúncula, vendo-se a Estação – no centro, no alto da foto. Restauração
fotográfica – Amarildo Mayrink.
Belíssimo registro
da Estação. Restauração fotográfica – Amarildo Mayrink.
Na foto acima, a
arte que marcou as comemorações pelos 125 anos da Estação de Porciúncula.
Estação PORCIÚNCULA
- RJ
antiga Santo Antônio
do Carangola
De Porciúncula pela Linha de Carangola para Itaperuna.
Linha de Manhuaçu – Km 413,619.
Altitude: 188m.
Estação inaugurada em: 20 de junho de 1886.
Estive no local em: março de 2019 e junho de 2023.
Uso atual: Centro
Cultural Dr. Edésio Barbosa da Silva. Prédio em ótimas condições.
Situação Atual – Trecho declarado erradicado e sem trilhos.
Cia. E. F. Carangola (1886-1890)
Cia. Barão de Araruama (1890)
E. F. Leopoldina (1890-1975)
RFFSA (1975-1979)
Em minha primeira vista à Estação de Porciúncula em março de 2019 foi uma grande, bela e agradável surpresa a acolhida dos novos amigos que
conquistei na simpática cidade fluminense, razão pela qual foi possível apresentar um dos mais completos e ricos artigos sobre uma antiga Estação
Ferroviária da E. F. Leopoldina. Foi uma visita que me proporcionou extrema
alegria e o gratificante sentimento de realização!
Naquela oportunidade fui super bem recebido por Ivana de Paula Porto e Fabiano Moreira
de Souza, jornalistas a serviço da Prefeitura de Porciúncula, oportunidade de
conhecer a história da cidade e receber fotos espetaculares que resgatam a importância histórica da ferrovia. Fotos que com grande prazer realizei suas
restaurações para apresentar aqui.
Oportunidade também descobrir que na antiga estação – hoje
Centro Cultural Dr. Edésio Barbosa da Silva – funcionava a Secretaria de
Cultura e a Secretaria de Turismo, Esporte e Divulgação. Lá também funcionava a
bem equipada Biblioteca Heloy Vieira Lannes.
Apresentamos então o maravilhoso trabalho de pesquisa realizado por Ivana, a
quem agradeço, juntamente com Fabiano pela atenção e carinho com que me
receberam em 2019.
Vamos
então a mais uma bela história!
Na sequência de fotos
abaixo, registros feitos em minha primeira visita a Porciúncula em março de
2019.
APRESENTAÇÃO DO MARAVILHOSO RESGATE HISTÓRICO.
Em
comemoração pelo aniversário de 125 anos da construção da Estação Ferroviária,
no entorno da qual nasceu o município de Porciúncula, prédio que hoje abriga a
cultura e a memória do nosso povo, a Secretaria Municipal de Cultura preparou e
realizou grandes eventos culturais, resgatando e contando a história deste
imóvel que está preservado e imponente no centro da cidade, desvendando a
colonização, a formação do povo, seu modo de vida, lutas, desventuras e
vitórias.
Estando
a antiga Estação Ferroviária localizada no centro comercial da cidade, sua
arquitetura deslumbra os turistas e nos remete a outros tempos e a grandes personagens
históricos.
Para
destacar sua importância histórica, a Secretaria de Cultura preparou uma
minuciosa pesquisa baseada nos documentos do Arquivo Histórico Municipal
Adriana Amélia Pinto Coutinho e no acervo doado pelo historiador Gérzio Calzolari,
visando conhecer e divulgar com a máxima riqueza de detalhes a história deste
prédio, que testemunhou o desenvolvimento de nosso arraial até se transformar
em cidade e, com o fim dos trens, ganhou nova utilização, a “Sede da Cultura e
História” de Porciúncula.
A
partir de então, este trabalho ficou disponibilizado aos porciunculenses, aos
pesquisadores e historiadores resgatando a história e unificando as informações
para facilitar o estudo e o conhecimento. Aliado a isto, realizou-se uma bem
elaborada programação comemorativa no Centro Cultural Dr. Edésio Barbosa da
Silva.
* Pesquisa feita por Ivana de
Paula Porto nos meses de janeiro a março de 2018.
Ivana de Paula - Assessoria de
Comunicação - SMC/PMP
Sob a coordenação da arquiteta porciunculense
Cristine Gonçalves de Souza, registros da reforma que tornou a histórica
Estação um dos mais belos prédios da cidade.
A ESTAÇÃO:
A CONQUISTA DA SONHADA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.
No
ano de 1888, um poderoso sindicato inglês comprou a Leopoldina e em outubro do
mesmo ano comprou também a Estrada de Ferro Carangola, unindo as duas empresas
e formando The Leopoldina Railway Company Limited. Não se sabe por que motivo,
o acordo firmado pelo Comendador Cardoso Moreira permaneceu e a estação que
todos esperavam que então fosse construída em Porciúncula, não saiu.
A
situação continuou a mesma, isto é, o trem não parava em Porciúncula. Quem
desejasse viajar para o Rio de Janeiro, tinha que tomar o trem em Tombos ou
Antônio Prado. O povo não aceitou esta situação e os ânimos foram se exaltando.
A situação chegou a um ponto insustentável e, chefiados por Joaquim Custódio
Fernandes Lannes, o Juca Bravo, neto de José de Lannes e Cantidiano Rosa, os
porciunculenses arrancaram os trilhos da ferrovia “The Leopoldina Railway”, no
trecho compreendido entre a atual rua Deputado Luiz Fernando Linhares e a ponte
sobre o rio Carangola.
O
primeiro presidente da província fluminense, eleito em 1892, dr. José Thomaz da
Porciúncula enviou vinte praças chefiados pelo Tenente Dória para acalmar os
ânimos. O militar resolveu a questão prometendo interceder junto ao governo
para a construção de uma estação no arraial. Foi então construída pela E.F.
Leopoldina uma parada, numa plataforma de madeira para embarque e desembarque
de passageiros, o que não satisfez o povo, uma vez que a compra de passagens e
embarque de mercadorias só poderia ser feito nas estações de Antonio Prado e
Tombos.
Inconformada
com a situação, seis meses depois, a população arrancou os trilhos mais uma vez
e os jogou no Rio Carangola. A companhia Leopoldina mandou funcionários armados
de foices, enxadas e porretes, desfilando nas ruas do arraial para demonstrar
força e restabelecer a estrada a qualquer preço. Percebendo o delicado momento
e as trágicas conseqüências que poderiam acontecer, o governador da Província,
José Thomaz da Porciúncula, mandou um destacamento para evitar o derramamento
de sangue e deu permissão governamental, através de um decreto, para a
construção da sonhada estação de parada, que muito melhoraria a vida dos
moradores.
Inaugurada
em 1893, a estação construída em outro ponto, no centro do arraial, foi tão
importante que o próprio nome “Porciúncula” saiu de uma inscrição em suas
paredes. Os funcionários da E. F. Leopoldina deram o nome do presidente da
província, José Thomaz da Porciúncula à nova estação, em agradecimento por sua
intervenção na solução do conflito. Primeiro ele foi escrito numa tabuleta,
depois colocado em letras grandes na fachada do prédio. Com o tempo, ninguém
mais conhecia a localidade por outro nome.
A
estrada de ferro modificaria profundamente a região. A ferrovia derrubaria a
mata, modificaria a vida e deixaria a paisagem local completamente alterada.
Organizaram as fazendas representando uma efetiva economia na comercialização
do café e trazia as novidades do litoral com impressionante rapidez. Com os
trens, chegava a influência urbana da capital. Ampliava-se o consumo e
criavam-se modismos. Diariamente, aportavam na estação, novos habitantes.
Assim,
a chegada de imigrantes começou a alavancar o desenvolvimento do arraial.
Vieram médicos, advogados, lavradores e aventureiros em busca de fortuna. As
construções ao redor da nova estação começaram logo a surgir e o crescimento do
arraial prosseguia rápido. A nova estação passou a ser o centro de Santo
Antonio do Carangola e o nome Porciúncula passou a ser evidenciado. Anos mais
tarde, em 1926, o deputado Porfírio Henriques teve aprovado um projeto que
mudava o nome para Santo Antônio da Porciúncula. Em 1938, o interventor
federal, Capitão de Corveta Ernane do Amaral Peixoto, através de um decreto-lei
denominou a localidade: Porciúncula. O novo município passou a se chamar
somente Porciúncula, sendo emancipado em 21 de agosto de 1947.
A
linha férrea pertenceu à empresa The Leopoldina Railway Company Limited até
1951, quando foi comprada pela Rede Ferroviária Federal S/A - RFFSA. Em 1973,
quase um século depois, os trilhos da velha Carangola foram arrancados. E em
1976, os da Leopoldina. No dia 9 de setembro de 1976, pela última vez
Porciúncula veria passar uma locomotiva. O movimento de passageiros e cargas
deu lugar às despedidas. Em 22 de janeiro de 1979 foi suprimido o trecho entre
Porciúncula e Cisneiros, fechando de vez a estação.
Na foto acima podemos ver
a bifurcação de saída para a Linha de Carangola em direção à Estação de
Natividade, no canto direito da foto.
ALBINO FRIAÇA, O FILHO ILUSTRE.
Na
foto acima, Albino Friaça, notório jogador de futebol da década de 1940, chega
para o seu casamento em Porciúncula - cidade onde nasceu - em um vagão de
passageiros da Estrada de Ferro Leopoldina, em janeiro de 1950 - Friaça esta de
chapéu, na quarta janela do vagão, com uma caneta na mão provavelmente dando um
autógrafo.
Friaça
já estava convocado para a Copa do Mundo. Destacou-se por ser autor do único
gol brasileiro na final da Copa do Mundo de 1950, em que o Uruguai derrotou o
Brasil por 2 a 1 em pleno Maracanã. Também integrou o chamado "Expresso da
Vitória", considerado pela maioria o maior esquadrão de futebol da
história do Club de Regatas Vasco da Gama e um dos maiores da história do
Brasil, que jogou entre 1942 e 1952. Este elenco do Vasco da Gama. O esquadrão
vascaíno foi também o primeiro time brasileiro a ganhar um título internacional
fora do Brasil, o Torneio dos Campeões Sul-Americanos de 1948. Ao todo, foram
onze títulos em dez anos, sendo desses cinco Cariocas, dois vencidos de forma
invicta.
Na
foto abaixo, já casado de partida para a capital.
Fonte:
Acervo Gerzio Calzolari, doado ao Arquivo
Publico Municipal de Porciúncula - Adriana Amélia Pinto Coutinho.
A PRESERVAÇÃO DE UM PATRIMÔNIO E DE SUA HISTÓRIA.
Os
anos que se passaram. A estação passou a ser ponto de bares e sede de partido
político. A população se movimentava para que ela fosse demolida para dar lugar
a uma praça central. Quando o prefeito Antônio Jogaib assumiu a administração
municipal em 1989, foi procurado pelo ex-funcionário da estrada de ferro, Olavo
Pinto de Abreu, que não se conformava com a destruição do belo prédio tão
representativo da história da cidade. Seu Olavo propôs ao prefeito a compra da
estação ferroviária.
As
negociações começaram e a prefeitura conseguiu concretizar a compra, em agosto
de 1989, por 38 milhões de cruzeiros, divididos em três parcelas. Em 12/09/89,
foi assinada a Lei n° 1.022/89, que desapropriou o imóvel para instalação de
serviços públicos como biblioteca municipal, museu e outros interesses da
municipalidade. O prédio passou por reformas sob a coordenação da arquiteta
porciunculense Cristine Gonçalves de Souza.
No
dia 11 de janeiro de 1991, o antigo prédio da estação, totalmente reformado,
foi destinado à cultura e às artes e reinaugurado como Centro Cultural Dr.
Edésio Barbosa da Silva, abrigando a Biblioteca Eloy Vieira Lannes e o Espaço
Cultural Conceição Fernandes Schuwart. Uma equipe de profissionais, liderada
pela Coordenadora do Centro Cultural, a professora e jornalista Adriana Amélia
Pinto Coutinho, foi empossada para resgatar, organizar, incentivar e dinamizar
as manifestações culturais do município.
No
mesmo ano, em 26/09/1991, a coordenadora Adriana Amélia, desenvolveu e
implantou a Secretaria Municipal de Cultura, através da Lei n° 1.113/91, uma
das primeiras secretarias municipais da região noroeste, exclusivamente voltada
para o desenvolvimento cultural do município. Uma iniciativa revolucionária na
região noroeste fluminense, tornando-se a primeira Secretária Municipal de
Cultura de Porciúncula.
Felizmente,
a bela construção encontrou uma nova serventia, sendo transformada no Centro
Cultural Dr. Edésio Barbosa da Silva, em 11 de janeiro de 1991. A velha estação
abriga atualmente a Secretaria de Cultura, que movimenta a cultura em toda sua
abrangência: biblioteca, pesquisa escolar, memória histórica, resgate da
cultura popular, cinema, teatro, arte, artesanato e divulgação jornalística.
Elo entre o presente e o passado, a Secretaria de Cultura proporciona aos
porciunculenses e visitantes o resgate cultural e histórico, bem como as
tecnologias mais modernas de informação.
Hoje,
o belo e histórico prédio da estação, resistindo ao tempo, continua servindo à
cultura e à arte porciunculense tendo completado 125 anos de construção em 2018.
Testemunha
da fundação e colonização do município, ponto turístico e equipamento cultural
em atividade há 26 anos cumprindo sua função cultural.
Redação
e pesquisa histórica:
Ivana de Paula Porto - Assessoria de Comunicação - SMC/PMP - 2018
Fontes
de Consulta:
Nylson
Macedo, As Ferrovias do Norte Fluminense, Parte VI – A estrada de Ferro do
Carangola – Engenheiro da RFFSA (extraído da Folha da Manhã de 07/10/80 ,
Campos /RJ).
A
origem do nome de “Porciúncula” e a história das estradas de ferro em nosso
município (Jornal Porciúncula Notícias de julho de 1992 - Ano 3, n° 12) escrito
por José Antonio Abreu de Oliveira – Coordenador do Projeto Memória de
Porciúncula
Subsídios
para a história de Porciúncula, Dr. Edésio Barbosa da Silva
Jornal
Porciúncula 2000 – Edição n°25 – janeiro de 2000 (Estação Ferroviária – escrita
por Rosimere Ferreira)
Jornal
Estação Porciúncula – julho de 2011 (Patrimônio Arquitetônico, testemunha da
história da sociedade – escrita por Ivana de Paula)
Acervo
do Centro de Memória Adriana Amélia Pinto Coutinho – SMC
Acervo
Gérzio Barreto Calzolari - SMC
Ivana
de Paula Porto
Assessoria de Comunicação
As comemorações pelos 125 anos de história foram
marcadas por grandes eventos culturais.
Mais algumas fotos de minha primeira visita a Porciúncula.
Fazendo parte das comemorações pelos 125 anos de
história, homenagens aos ex-ferroviários.
Registros da
passagem do último trem por Porciúncula.
Tempos
românticos... registros para a história.
Comemorações do dia da Pátria tendo sempre a
presença marcante da velha Estação Ferroviária.
3 comentários:
Fantástica a história de Porciúncula! A erradicação das ferrovias no Brasil é um crime lesa pátria cometido por nossos governantes!
João Tardin.
Li a reportagem e gostei imensamente. Certa vez minha irmã viajou de Recreio a Porciúncula e quando o Trem Expresso estava lá chegando, os habitantes de Porciúncula exclamaram: Olha lá o expresso mineiro chegando. Ela achou muito engraçado eles falarem assim.
Marco Antonio de Magalhães.
Que bela história! Quanta riqueza cultural! Fotos espetaculares, tanto as atuais quanto às antigas! Nos fazem viajar realmente.
Estou encantada! Parabéns!
Adriana Lopes.
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