Matéria atualizada em 24 de julho de 2025.
Acima e nas cinco fotos abaixo, registros de minha visita à Estação
de Silveira Lobo em junho de 2025.
No caminho, já bem próxima à Estação de Silveira Lobo, belíssima estrutura em pedras das cabeceiras de sustentação da antiga ponte ferroviária que é vista na foto de 1906 mais abaixo.
Belíssimo registro da Estação de Silveira Lobo em 1906, valiosa contribuição de Manoel Monachesi.
Outro belíssimo registro da Estação de Silveira Lobo da década de 1910, mais uma valiosa contribuição de Manoel Monachesi.
Registro mais recente da Estação de Silveira Lobo, também do acervo de Manoel Monachesi.
A Estação de Silveira Lobo sob o olhar de Jean Ferreira Cerqueira em foto de 2018: “Telhado recuperado, plataforma de embarque também. A impressão que dá é que o trem vai chegar a qualquer momento!”
“Este era o lado onde as carroças estacionavam para o desembarque de mercadorias a serem embarcadas nos vagões.”
Fato interessante apontado por Jean Ferreira Cerqueira em sua visita:
“Olha que interessante! Visitei Silveira Lobo na quarta-feira de cinzas, dia 14 de fevereiro de 2018, e olhem a marcação talhada na parede de um pequeno prédio anexo à estação, numa de suas cabeceiras: 14.2.1923.
Sem querer fui no aniversário de 95 anos desta linda obra. Só eu, mais ninguém chegou para a comemoração!! E outro detalhe: 14 de fevereiro de 1923 também caiu numa quarta-feira de cinzas!!”
Estação SILVEIRA
LOBO
Município: Santana
do Deserto-MG
Linha de Caratinga
– Km 156,418 (1960)
Altitude: 422m.
Estação inaugurada
em: O atual prédio é na verdade a segunda Estação, inaugurada em 01 de
novembro de 1904. A primeira Estação, já demolida, ficava em outro local e foi inaugurada em 1879.
Estive no local em: Junho de 2025. Visitada por Jean Cerqueira em 2018 e por Ricardo Raipp em 2020.
Uso atual: Moradia Familiar.
Situação Atual
– Trecho declarado erradicado. Sem trilhos.
Leopoldina Railway (1904-1950)
E. F. Leopoldina (1950-1975)
RFFSA (1975-1994)

HISTÓRICO:
Inicialmente
essa matéria havia sido publicada com as valiosas contribuições dos amigos Jean
Ferreira Cerqueira, de Três Rios – RJ; de Manoel Monachesi e de Ricardo
Raipp.
Apesar
de não estar tão longe de minha cidade – Bicas-MG – ainda não
tinha visitado a Estação de Silveira Lobo. Eis que saí em
viagem para uma visita à “nova Estação de Chiador”. Ao
retornar, já no cair da tarde, resolvi passar por Santana do Deserto, quando
encontrei a bela Estação de Silveira Lobo.
A ESTAÇÃO:
Outra Estação que não conhecia
pessoalmente, a Estação de Silveira Lobo ainda está bela e em perfeitas condições servindo de moradia particular.
Ela fica escondida numa área de muitas árvores, mas é de fácil acesso.
Trata-se de uma Estação com
histórico curioso. O atual prédio da Estação de Silveira Lobo foi inaugurado em
1904, mas na verdade era a segunda Estação com esse nome. A primeira Estação de
Silveira Lobo inaugurada em 1879 ficava em outro local, no antigo Ramal
de Serraria da E. F. União Mineira (desativado em 1904). Este Ramal ligava
a Estação de Serraria - na linha do Centro da EFCB - às
cidades de Bicas e Pequeri. Esse trecho primitivo reserva grandes curiosidades,
como um zigue-zague – o primeiro do Brasil
– que será descrito com mais detalhe logo abaixo. Com a desativação do
antigo Ramal de Serraria, foi construída a nova e atual Estação.
Além das fotos que realizei em
junho de 2025, esta matéria conta também com os belos registros de Jean Cerqueira, que percorreu de bike o
antigo leito ferroviário até Sossego em fevereiro de 2018 passando por Silveira
Lobo e São Marcos. Ricardo Raipp fez
o mesmo percurso em 2020 e Manoel
Monachesi trouxe fotos raras de seu belíssimo acervo.
O ZIGUE-ZAGUE:
Em grande e
concorrida Assembléia Geral dos
Acionistas realizada em 31 de janeiro de 1878, no Rio de Janeiro, foi
apresentado pela diretoria o Primeiro
Relatório da Estrada de Ferro União Mineira para a construção da linha
férrea da Serraria até São João Nepomuceno, de onde destaco o interessante
apontamento sobre a construção de um
zigue-zague na serra do Macuco, que despertou em mim o grande desejo de um
dia poder conhecer o local onde ele existiu. Sem dúvida, uma das maiores
curiosidades em minhas pesquisas pelos caminhos da Leopoldina:
“...deram os
empreiteiros o começo dos trabalhos de terra a 8 de setembro, atacando o maior
corte que temos em nossa linha no ponto culminante da serra do Macuco. Mede
este corte 18 metros de alto, subindo sua encubação a 24.000m³ cúbicos de
terra. É essa serra sem dúvida o mais frisante das centenas de contos que podem
poupar uma boa exploração. De um terreno extremamente acidentado, cheio de
fundas grotas e apertados espigões, absorveu-nos ela alguns meses, em que foram
estudados vários traçados, que por dispendiosos tivemos que abandonar,
resolvendo-nos afinal a empregar um pequeno zigue-zague, em que com um
recuamento de 800 metros conseguimos um traçado extraordinariamente mais
econômico, tendo poupado sem aumento de declividades um kilômetro de linha,
evitando um viaduto com 17° de alto e substituído o único túnel projetado pelo
corte acima referido. É a primeira vez que se emprega no Brasil este sistema de
zigue-zague, com jogo de chave de recuamento de trem.”

O site Estações
Ferroviárias do Brasil, de Ralfh Mennucci Giesbrecht cita outro
importante apontamento sobre o zigue-zague é o trecho do Diário de Dom Pedro
II, vol. 25, de 27 de abril de 1881(aª fa), copiado de José Carlos Barroso –
Cessão Marcus Granado). Dom Pedro II andou na União Mineira passando por Bicas,
em 1881:
-"(...) 5 ½ Acordei. Vou ler. Saio às 7h.
Caminho conhecido até Serraria. Cheguei às 8 ¾ a Juiz de Fora. A cidade tem
aumentado muito. Bela avenida com bonitas casas que devem arborizar. Almocei
numa destas que é do Barão de Cataguazes. Partida do trem às 11h 10'. Nada de
novo até Serraria. Aí entramos no trem da Estrada de Ferro da União Mineira.
Percorremos 84km até o arraial - vila ainda não instalada de S. João de
Nepomuceno. A estrada para subir
parte da serra do Macuco tem 2 ziguezagues com plataformas. Tem 7 Estações pequenas porém bem construídas conforme a aparência. Vista muito bela
assim como mato viçoso de Bicas para diante. Descobre-se amplo vale fechado por
altas montanhas, e perto de S. João avista-se a alta serra do descoberto de
contorno original. Grande número de quilômetros a começar da Serraria passa a
estrada por fazendas de café muito bem plantadas e algumas com casas feitas com
bom gosto. Há interrupção de terras tão boas para voltarem estas. Vim
conversando com o engenheiro Betim cuja direção inteligente e ativa revela-se
no modo porque a estrada foi construída e tendo trilhos de aço, e com o
desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite a cuja influência se deve
sobretudo a estrada que é de bitola de um metro. (...)"
Na sequência abaixo, mais alguns registros de minha visita à Estação de Silveira Lobo em junho de 2025.
Acima e abaixo, belíssima estrutura em pedras das cabeceiras de sustentação da antiga ponte ferroviária no caminho para Silveira Lobo.
Belo postal da estação de Silveira Lobo datado de 10 de março de 1906.
A Estação de Silveira Lobo em outro ângulo. Foto da década de 1910, do acervo de Manoel Monachesi.
A movimentada Estação de Silveira Lobo em destaque nesta foto da década de 1910. Observem no lado direito da foto a parte do que parecia ser um "Girador de Locomotivas".
A Estação de Silveira Lobo neste belo registro do acervo de Jorge A. Ferreira Jr.
Mais fotos e relatos de
Jean Ferreira Cerqueira sobre sua visita à Estação de Silveira Lobo em 2018, trazendo
também belos registros do que encontrou pelo caminho.
“Claro que eu não poderia deixar de tirar uma foto com esta anciã de mais de mais de 90 anos!”
“Já na subida para Santana do Deserto, pode-se ver parte do muro de arrimo que sustentava o relevo por onde passavam os trens.”
“Nas três
fotos abaixo a base da ponte de ferro que sustentava os trilhos da Leopoldina,
já bem próximo da Estação de Silveira Lobo.”
“Na
seqüência abaixo, por estes corredores passavam as composições de Três Rios a
Bicas e vice-versa.”
Abaixo, dois belos
registros de Ricardo Raipp feitos em visita à Estação de Silveira Lobo em 2020.