domingo, 29 de agosto de 2021

ESTAÇÃO MOURA BRASIL - Era uma das belas "Casas de Pedra".

Matéria atualizada em 13 de novembro de 2021.


Acima e abaixo, “ontem & hoje” no local exato da antiga estação. Acima, a belíssima “Estação Casa de Pedra”, valiosa contribuição de Solange Tepetino. Abaixo - no mesmo ângulo - a pista de acesso à BR-393, construída exatamente sobre o local onde ficava a antiga estação.




Acima e abaixo, mais um “ontem & hoje” do local. Acima, a belíssima "Casa de Pedra”, foto de Rodolfo Rocha. 
Abaixo - no mesmo ângulo - a pista de acesso à BR-393, construída exatamente sobre o local onde ficava a antiga estação.



A antiga estação ficava sob esta pista, em frente à igreja - foto do Google Maps.



Acima, outra valiosa contribuição de Solange Tepetino. Vindo de Três Rios, a estrada de chão - antigo leito da ferrovia - passava sob a ponte de acesso à BR-393 e chegava à estação "Casa de Pedra".




Visão aérea do local, onde podemos observar a BR-040 e a pista de acesso à BR-393 - foto do Google Maps.




 

triangulo


 

Estação MOURA BRASIL

 hermogenio-silva

alberto-torres

 

 

 

Linha do Norte: Km 118,511 (1960).

Altitude:  ?

Estação inaugurada em: 04 de junho de 1900.

Estive no local em: 27 de agosto de 2021.

Uso atual: Demolida. 

Situação Atual – Trecho declarado erradicado, sem trilhos.

 

E. F. Leopoldina (1900-1964)






HISTÓRICO:

Retomando minhas viagens em visita às antigas estações da Estrada de Ferro Leopoldina, em 27 de agosto de 2021 parti à procura da Estação MOURA BRASIL, no Município de Três Rios – RJ, estação que fazia parte da Linha do Norte, da E. F. Príncipe Grão Pará, primeira ferrovia do Brasil. Chegando à comunidade, à beira da BR 393, ladeando também com a BR-040, conversei com vários moradores e comerciantes do local, todos trazendo a mesma informação: a antiga estação ficava às margens da BR-040 antes da duplicação desta. Ficava bem próxima da "Igreja de Pedra" - quase em frente – e teve que ser demolida na duplicação da BR-040 para a construção da pista de acesso à BR-393 que hoje passa exatamente sobre o ponto onde ela ficava.

Segundo um morador da localidade, comenta-se que a igreja teria sido construída seguindo o padrão "Casa de Pedra" da antiga estação. Juntas, deveriam compor um belíssimo cenário.

Chegando ao local e tendo como referência uma belíssima foto publicada por Márcio Cardoso em algumas páginas ferroviárias do facebook, passei então aos registros fotográficos que ilustram esta matéria, além dos importantes registros extraídos do Google Maps que trazem valiosa contribuição.


GRANDE SURPRESA:

Esses dias, visitando a maravilhosa página do facebook "Três Rios Antiga..." me deparei com belíssimas e históricas fotos. Entre elas, duas das fotos apresentadas acima; uma destacando a Estação "Casa de Pedra" de Moura Brasil e outra mostrando o antigo leito ferroviário transformado em estrada de chão passando embaixo da ponte de acesso à BR-393, ambas publicadas por Solange Tepetino. 

E assim, vamos atualizando as matérias de nossa página mantendo viva a história da saudosa Estrada de Ferro Leopoldina.

 

A ESTAÇÃO:

Na foto apresentada por Márcio Cardoso podemos ver que a arquitetura da Estação Moura Brasil acompanhava o belíssimo estilo “Casa de Pedra”, comum a várias estações construídas no mesmo período naquele trecho da Linha do Norte. Eram elas: Três Rios, Moura Brasil (demolida), Hermogênio Silva (demolida) e Alberto Torres.

Conhecendo as belíssimas “Casas de Pedra” de Três Rios e Alberto Torres - que os amigos leitores podem conferir aqui na página - tornou-se mais triste ainda saber da demolição da estação de Moura Brasil, bem como a de Hermogênio Silva (demolida também pelo mesmo motivo: duplicação da BR-040).



Após o envio da foto acima por Rodolfo Rocha, o mesmo me enviou e-mail com informações valiosas e históricas, além de suas belas lembranças em Moura Brasil:

“Fiquei feliz em conhecer o seu trabalho sobre a história ferroviária, e ver a descrição da localização exata que você fez da estação de Moura Brasil. Nasci e vivi nas proximidades daquela estação nos anos 1950, e de lá tenho emotivas lembranças.

A estação de Moura Brasil está muito forte na minha memória. Convivia com a família do chefe da estação, primeiro o Sr. Zaid, depois o Sr. Afonso.

Eu e meu irmão vendíamos pastéis nas rápidas paradas da Maria Fumaça que vinha do Rio de Janeiro, e muitas brincadeiras por lá nos anos 1950 e início do 60.

Verifiquei que você é de Bicas. Algumas vezes embarquei em Moura Brasil a caminho de Bicas e vice-versa. Era criança.

Minha família era de Bicas e região. Meu irmão Darcy Rocha foi professor do SENAI aí em Bicas.

Acrescento que aquela via marginal defronte à igreja é o leito original da estrada União-Indústria, de grande importância histórica.”



Nas quatro fotos abaixo, o local onde ficava a antiga Estação Moura Brasil em vários ângulos.







Abaixo, a “Igreja de Pedra”. A antiga estação ficava bem em frente – fotos do Google Maps.




domingo, 22 de agosto de 2021

ESTAÇÃO REDUCTO - Penúltima parada da Linha de Manhuaçu.

 Matéria atualizada em 13 de dezembro de 2023.


Acima e abaixo, a Estação de Reducto em dois belos registros de Marco Antônio Francisco feitos em novembro de 2023. 

Abaixo, a Estação de Reducto em três fases de cores de sua longa história.


Abaixo, um belo “Ontem & hoje” da Estação de Reducto, da página do facebook “Portal Reduto”.




Belíssima foto aérea do centro de Reduto – foto de Fabrício Narciso.




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Estação REDUCTO

 

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Linha de Manhuaçu: Km 565,078 (1960).

Altitude: 687,102m.

Estação inaugurada em: 11 de novembro de 1925.

Estive no local em: Ainda não visitei a cidade.

Uso atual: Sem informação. 

Situação Atual – Trecho declarado erradicado, sem trilhos.

 

E. F. Leopoldina (1925-1975)





Na viagem de pesquisas que realizei em junho de 2023, cheguei bem próximo à cidade de Reduto, mas outros compromissos me obrigaram a retornar de Jequitibá. Conhecer sua antiga Estação Ferroviária ficou para uma outra oportunidade.

Mas eis que, em novembro de 2023, recebi do amigo Marco Antônio Francisco, grande colaborador de nossa página, dois belos registros da Estação de Reducto feitos em uma de suas viagens de pesquisa pela antiga Linha de Manhuaçu, possibilitando atualizar esta matéria.

Além destas, contamos também com a importante e valiosa contribuição das páginas do facebook, em especial, a página “Portal Reduto”. Sem as valiosas contribuições dos amigos, não conseguiríamos trazer informações e especialmente as belas fotos aqui apresentadas, às quais agradecemos.

 

HISTÓRICO:

Pesquisando a página Estações Ferroviárias, de Ralph Mennucci Giesbrecht - nossa principal referência na história da Estrada de Ferro Leopoldina – encontramos o interessante texto mostrando a origem do nome da Estação e da cidade: "A estação e depois a cidade de Reduto têm este nome, pois na época da ferrovia ali existia uma chave de redução mais conhecida como chave do reduto, nome que permaneceu." (José Gonçalves de Oliveira, da AMAR-Associação dos Moradores e Amigos de Reduto, 06/09/2003).

Por volta do ano de 1970 ainda passavam trens de passageiros por Reduto fazendo a linha Rio de Janeiro/Três Rios – Recreio/Manhuaçu.

Infelizmente, em 23 de julho de 1975 a RFFSA fechou o trecho da Linha de Manhuaçu entre Manhuaçu e Carangola, encerrando uma das mais belas páginas da história de toda a aquela região do Estado de Minas Gerais, fechando definitivamente a Estação de Reduto e as demais Estações daquele trecho. Terminava ali o tráfego dos trens da Leopoldina, extintos com a supressão definitiva do trecho em 1975.

 

A ESTAÇÃO:

O nome no dístico ainda mantém a ortografia “Reducto” e a quilometragem que consta no prédio é diferente da do Guia Geral de 1960, mostrando efetivamente que as quilometragens se alteraram com o tempo. Devemos levar em conta que inicialmente os trens da Leopoldina vinham para Três Rios passando por Petrópolis. Posteriormente os trens passaram a vir do Rio de Janeiro passando por Miguel Pereira. Por isso, a existência de divergências nestas informações.  

Após a extinção do trecho a antiga Estação de Reducto serviu por algum tempo como sede da Prefeitura do município, e posteriormente, a outras repartições públicas. Não temos informação de qual uso está sendo feito do prédio nos dias de hoje.



Acima e abaixo, o nome no dístico ainda mantém a ortografia “Reducto” e a quilometragem, bem como a altitude que consta no prédio, são diferentes das do Guia Geral de 1960.








Abaixo, alguns antigos registros dos trilhos da Leopoldina pelas ruas de Reduto.


Abaixo, dois registros de um grave acidente ocorrido próximo a Reduto.



Antigo e belo registro da área central de Reduto.




quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O Trem em MAR DE ESPANHA, na belíssima crônica "Ô trem bão, sô..." de Manoel Franco e desenhos de Nandu Rangel.

 

A estação e o trem em Mar de Espanha, na arte de Nandu Rangel.


Ô trem bão, sô...

Manoel Franco


Bléim… bléim...bléim…

Piuiiiiiiiiiiií…. Puiuiiiiiiiiiiiií…. Shsssss… chac…. choc… chac… choc…

Partia o trem, com destino a Pequeri. Era a hora de devolver o telégrafo ao seu Donatilio, pois era preciso avisar a Pequeri da partida do trem.

Alguns lenços agitavam um adeus ao sabor do vento, e algumas lágrimas furtivas escondiam-se como se fosse por causa da fuligem e não de uma saudade antecipada.

Os moleques corriam atrás da composição – agora, já com poucos vagões-, esperando uma distração do seu Pedro ou de Raimundo, para pular na escadinha do último vagão e pegar uma carona até a curva, pouco antes da Garganta. Ali, o trem seguia mais devagar por causa da subida, o que permitia a eles saltar com segurança e fugir antes que o condutor os pegasse.

Dali pra frente, o trem acelerava a marcha, com o foguista alimentando com vontade a caldeira enquanto olhava com atenção os marcadores de pressão do vapor.

Piuiiiiií … u-uúuuu… café com pão… café com pão... café com pão… bolacha não…

O trem seguia soltando fumaças e fagulhas no ar, enquanto os passageiros ficavam mais atentos para não queimar o terno de linho, ou evitar que as mulheres tivessem o vestido danificado.

O cobrador vinha com sua maquininha de picotar as passagens com seu clec - clec enfadonho. E o trem seguia, agora, atravessando com forte ruído e vibração a ponte de ferro. Depois, viriam as estações de Estevão Pinto e Uricana, antes da baldeação em Pequeri. Uma viagem de cerca de 25 km, em pouco mais de 1 hora.

Sob o olhar atento de seu Donatilio, eu voltava ao meu aprendizado no telégrafo - isolado com uma folha de papel, para não transmitir a mensagem: dadada/… da/didadi/di/dada/... didadadi/dida/didadi/da/didi/didida/ …

Já com meus 11 anos de idade, meu pai entendeu que eu deveria aprender uma profissão, por isso me confiara ao seu amigo Donatilio, para o aprendizado de telegrafia na estação, depois das aulas no grupo escolar.

Pela janela da estação, eu observava as chegadas e saídas do trem. Ouvia os ruídos e os movimentos dos passageiros e o carregamento dos fardos de compras do comércio. Mais a frente, ouvia o abastecimento das caldeiras na caixa d'água e a celebrada reversão do trem, no viradouro. Esse era um acontecimento que agitava a garotada, e eu não poderia perder. A hora de virar o trem era de grande algazarra. Apesar do controle dos adultos, a molecada participava na marra da operação: a locomotiva entrava no Viradouro e todos a empurravam, da esquerda para a direita, até atingir a linha da variante. Dali, o maquinista faria a manobra até reatar a locomotiva à composição.

Quando o trem chegava à estação, havia sempre um mundão de gente a esperar. Por ali, chegavam as boas e as más notícias trazidas na mala do correio postal ou nos fardos de jornais. Chegavam as mercadorias das lojas: vestidos, sedas, tafetás, linho e brim. Chegavam as mercadorias dos armazéns e as esperanças de tantos que as aguardavam. Chegavam o pai, a mãe, os irmãos, o tio e também aquele amor que voltava depois de uma longa ausência.

Horas antes do horário da chegada ou saída do trem, já se ouviam os ruídos de plein-plein dos latões de leite vazios que retornavam da cooperativa ou o cacarejar das galinhas e o grunhir dos porcos em seus gaiolões. Em certos dias, de envio do mármore, era possível ouvir o coro ritmado de ô... ô... ô... dos operários, empurrando os blocos de mármore para os vagões plataforma, com suas alavancas.

Nos sábados, dominava o burburinho de vozes nos guichês de passagens e o entra e sai de passageiros, enquanto no fundo, ouvia-se a voz de Tamaduro:

–Maleiro… maleiro… eu levo a mala patrão… é minha Quati, sai fora….

E eu respondia pelo telégrafo: - Ô trem bão, sô:

dadadadi/... da/didadi/di/dada/... dadididi/didadida/dadada/… dadadididada/... dididi/dadadadi/...



A estação e o trem em Mar de Espanha, na arte de Nandu Rangel.



domingo, 1 de agosto de 2021

ESTAÇÃO RIOGRANDINA - O charme da pequena Estação na Linha do Cantagalo.

Matéria atualizada em 06 de junho de 2022.


Registro espetacular da Estação Riograndina. Década de 1960, no centro da foto com vestimentas pretas o Sr. Júlio José da Silva - que foi sinaleiro na Estação - com sua esposa Hermínia Santos Silva, bisavós de Juliana Lins.



A Estação e a Residência do Administrador lotadas na mesma plataforma no belo registro de Cleber Moraes.


Abaixo, a Estação e a Residência do Administrador em dois belos registros de Jaqueline Asth Mentora.




A Estação Riograndina nesta belíssima tela de Kahlmeyer Mertens Robert.



A Estação Riograndina neste belíssimo registro do acervo de Geraldo Magela Richa Felga.






banquete

 

Estação RIOGRANDINA

Antiga Rio Grande

 

conselheiro-paulino

 

  

Município: Nova Friburgo - RJ.

Linha do Cantagalo: Km 164,028 (1960).

Altitude: 724m.

Estação inaugurada em: 01 de maio de 1876.

Estive no local em: Ainda não visitei a Estação. Esta matéria está publicada graças às valiosas contribuições fotográficas de Geraldo Magela Richa Felga, Cleber Moraes, Aloizio Anjos, Jaqueline Asth Mentora e Juliana Lins.

Uso atual: Moradia. 

Situação Atual – Trecho declarado erradicado, sem trilhos.

 

E. F. do Cantagalo (1876-1887)

RFFSA (1887-1964)








HISTÓRICO:

A estação foi aberta com o nome de Rio Grande em 1876, mas o prédio teria sido terminado três meses antes da inauguração da estação.

A vila de Riograndina, distrito de Nova Friburgo que na época era um local mais afastado da cidade, até meados dos anos 1960 ainda era considerada zona rural. Atualmente está totalmente ligada ao núcleo urbano da cidade.

Os trens de passageiros nesse trecho foram desativados em 15 de julho de 1964.

Segundo a página Estações Ferroviárias, de Ralph Mennucci Giesbrecht, “nos anos 1980 cogitou-se de criar ali um MUSEU DO TREM, mas a ideia não seguiu adiante.”

 

Acima, a Estação Riograndina em mais um belíssimo e romântico registro.



A ESTAÇÃO:

A Estação e a Residência do Administrador; a ponte e o depósito foram tombados provisoriamente em 7 de janeiro de 1988 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac):

“São quatro imóveis do século XIX – a ponte ferroviária sobre o rio Grande, de estrutura treliçada de aço contraventada por três arcos (atualmente adaptada para uso rodoviário); a residência do administrador da antiga estação à margem da linha do trem e conectada à plataforma por uma varanda com balaustrada de madeira; a estação ferroviária com salão, bilheteria, dependências administrativas e a plataforma de embarque; e o depósito ferroviário, com porão semi-aberto, sustentado por poderosos pilares de pedra. O depósito está um tanto afastado da estação, dando de frente para a praça da igreja. O conjunto preservado representa magnificamente, em sua integridade visual, a origem ferroviária de muitas localidades do interior fluminense.

A estação de Riograndina, bem como o casarão ao seu lado e o depósito, foram entregues restaurados em março de 2008. Mesmo com o progressivo crescimento urbano, o local continuava tranquilo como sempre foi do mesmo jeito que muitos outros lugarejos que a ferrovia cortava.”

Saiba mais sobre a Estação Riograndina no link: http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_rj_cantagalo/riograndina.htm





A ponte ainda com trilhos em mais um belo registro, do Acervo Digital Castro.


A Estação Riograndina em mais um belíssimo registro do acervo de Geraldo Magela Richa Felga.


Na seqüência abaixo, a sensibilidade de Jaqueline Asth Mentora em oito belos registros da Estação Riograndina.










A Residência do Administrador em mais um belo registro de Aloizio Anjos.


A antiga Ponte Ferroviária sob o olhar de Cleber Moraes.


A antiga ponte ferroviária de Riograndina neste belíssimo registro de Geraldo Magela Richa Felga.


A Residência do Administrador em mais um belo registro de Aloizio Anjos.


A abaixo, belo registro do trem em Riograndina, da página "Riograndina em Foco".

A Residência do Administrador em primeiro plano e a Estação ao fundo lotadas na mesma plataforma.