sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ESTAÇÃO SERRARIA - Ponto de partida do primitivo Ramal de Serraria da antiga Cia. Estrada de Ferro União Mineira.


Matéria atualizada em 01 de fevereiro de 2020.










A seqüência de fotos acima são valiosas contribuições do amigo Ricardo Raipp, que visitou a estação de Serraria em 26 de janeiro de 2020 trazendo para nós a boa notícia da reforma da estação.








Estação SERRARIA

Município: Santana do Deserto-MG
Estive na Estação em: 21 de dezembro de 2012.
Fotos recentes do amigo Ricardo Raipp feitas em 26 de janeiro de 2020.
Estação inaugurada em:  20 de setembro de 1874 pela E. F. D. Pedro II, hoje sob concessão à MRS Logística.
Altitude: 308m
Ramal: Linha de Serraria – ponto inicial da Cia. E. F. União Mineira de 1879 a 1904 - Km 0,000
Sua principal função enquanto Estação era atender à E. F. D. Pedro II, Linha do Centro.


Situação Atual – Estação em reformas. 











No início de meus trabalhos para a criação desta página, fiz uma “turnê” nos últimos dias de dezembro de 2012 pelas primeiras estações do Ramal de Caratinga, na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, passando por Santana do Deserto, Ericeira, pela Ponte dos Ingleses próxima ao local onde existiu a Estação Praia Perdida e por Chiador. Lembrando-me desta viagem é que dei pela falta de uma matéria sobre a última estação visitada, a de Serraria e veio a dúvida: onde estariam as fotos que fiz naquela estação?
Parti em busca destes registros revirando meus arquivos de fotos e não é que encontrei!
Talvez a minha falta de atenção à época tenha sido pelo fato de a Estação de Serraria pertencer à Estrada de Ferro Central do Brasil, bitola larga, tendo sido inaugurada em 1874 pela então Estrada de Ferro D. Pedro II, sendo a primeira estação da Linha do Centro em território mineiro.

Só que a Estação de Serraria teve uma breve, mas importante participação na história da Estrada de Ferro Leopoldina, pois a partir de 1879 ela passaria a ser o ponto de partida inicial do Ramal de Serraria da antiga Cia. União Mineira ligando a mesma à estação de São João Nepomuceno – MG, sendo também estabelecida a mesma estação como a sede da Companhia.
Com o fim da E. F. União Mineira e sua transferência para a Leopoldina, em 1904 a nova empresa resolveu realizar modificações em suas linhas naquela região passando a ligar a estação de Silveira Lobo diretamente a Três Rios, tornando-se inútil o antigo trecho de Serraria a Silveira Lobo. Posteriormente, parte do antigo leito da União Mineira transformou-se em rodovia, ligando Serraria a Silveira Lobo.

Para entender melhor o início de tudo, a Cia. União Mineira nasceu do sonho dos grandes produtores rurais daquela região da zona da mata mineira em buscar meios de escoar com agilidade sua produção rural – especialmente o café, produto com excelente valor no mercado internacional na época – quando resolveram se unir para criar a Cia. Estrada de Ferro União Mineira.
Em grande e concorrida Assembléia Geral dos Acionistas realizada em 31 de janeiro de 1878, no Rio de Janeiro, foi apresentado pela diretoria o Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira para a construção da linha férrea da Serraria até São João Nepomuceno, de onde destaco algumas passagens.

- Meta inicial:
“...A estação terminal desta primeira seção de obras seria no arraial do Espírito Santo (Guarará), finalizando com seu prolongamento até São João Nepomuceno.”

- Foi estabelecida como sede da Companhia a estação de Serraria:
“...A designação desta estação para sede da Companhia pareceu de vantagem, não só porque, sendo o ponto de partida da estrada, melhor se presta às providências a tomar sobre o serviço, como também por ser mais cômodo e fácil ser as nossas reuniões em Assembléia Geral...”

- Interessante apontamento sobre a construção de um zig-zag na serra do Macuco, que despertou em mim o grande desejo de um dia  poder conhecer o local onde ele existiu. Sem dúvida, uma das maiores curiosidades em minhas pesquisas pelos caminhos da Leopoldina:
 “...deram os empreiteiros o começo dos trabalhos de terra a 8 de setembro, atacando o maior corte que temos em nossa linha no ponto culminante da serra do Macuco. Mede este corte 18 metros de alto, subindo sua encubação a 24.000m³ cúbicos de terra. É essa serra sem dúvida o mais frisante das centenas de contos que podem poupar uma boa exploração. De um terreno extremamente acidentado, cheio de fundas grotas e apertados espigões, absorveu-nos ela alguns meses, em que foram estudados vários traçados, que por dispendiosos tivemos que abandonar, resolvendo-nos afinal a empregar um pequeno zig-zag, em que com um recuamento de 800 metros conseguimos um traçado extraordinariamente mais econômico, tendo poupado sem aumento de declividades um kilômetro de linha, evitando um viaduto com 17° de alto e substituído o único túnel projetado pelo corte acima referido. É a primeira vez que se emprega no Brasil este sistema de zig-zag, com jogo de chave de recuamento de trem.”

- Em relação à seção de áreas para a construção da ferrovia, consta no relatório:

“...Os fazendeiros cônscios da importância de nossa empresa à bem da lavoura, procuram facilitar-lhes os meios necessários. Alguns tem oferecido gratuitamente terrenos para assentar-se as estações e materiais. Nenhum até agora exigiu indenizações por danos causados às suas plantações. Todos expontaneamente tem cedido dos seus direitos...”

Veja o Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira completo clicando no link abaixo:
https://otremexpresso.blogspot.com/search/label/Primeiro%20Relat%C3%B3rio%20E.%20F.%20Uni%C3%A3o%20Mineira


O ano de 2020 chegou com uma bela surpresa! A notícia trazida pelo amigo e colaborador de nossa página Ricardo Raipp de que a tradicional e histórica estação de Serraria passa finalmente por reformas, como pode ser visto nas fotos feitas por ele em 26 de janeiro de 2020.




Todas as fotos da seqüência abaixo foram feitas em dezembro de 2012.

















Belos detalhes da arquitetura da estação de Serraria.










Hoje trafegam apenas os trens de minério da MRS pela antiga linha do centro da Estrada de Ferro Central do Brasil, bitola larga.