domingo, 19 de abril de 2020

ESTAÇÃO TRIÂNGULO - Primeiro acesso da Linha do Norte a Três Rios. Próximo à estação, a Ponte Seca usada para transbordo de minério.


O prédio da estação Triângulo, em fotos atuais extraídas do Google Maps. 
Por sua arquitetura, cremos que não seja o prédio original da estação, construída em 1900.







Estação de Manobras TRIÂNGULO


Saída para a Linha de Caratinga-MG


Saída para a Linha Auxiliar com destino a Porto Novo-MG


Saída para a Linha do Norte com destino à Petrópolis. 
1ª ligação do Rio de Janeiro com Três Rios




Município: Três Rios.
Linha do Norte: Km 123,127 (1960).
Altitude: 268m.
Estação inaugurada em: 04 de junho de 1900.
Estive no local em: 17 de fevereiro de 2020.
Uso atual: Desconhecido. 
Situação Atual – Trecho declarado erradicado, sem trilhos.

E. F. Leopoldina (1900-1964)





HISTÓRICO:

O principal objetivo desta matéria será mostrar a importância da Estação Triângulo para o fluxo de trens da E. F. Leopoldina. Na verdade ela funcionava mais como um posto de controle de manobras dos trens para direcioná-los aos seus destinos. 

Quem vinha do Rio de Janeiro no trem de passageiros da E. F. Leopoldina, seja no início dos tempos por Ghia de Pacobaíba, em Magé ou passando por Duque de Caxias após a abertura da estação de Barão de Mauá, subiria a cremalheira de Petrópolis e atingiria Três Rios, quase na divisa RJ/MG, chegando à estação Triângulo, que dava acesso à Casa de Pedra (estação Três Rios), onde o trem era "partido em dois". 
Saindo à esquerda no Triângulo, uma parte ia para Porto Novo e para a linha de Manhuaçu, a outra para a linha de Caratinga. À direita, era o retorno ao Rio de Janeiro passando por Petrópolis.
Para que os trens pudessem chegar à Casa de Pedra, em 1º de janeiro de 1901 a Central autorizou a Leopoldina a se utilizar da linha métrica desde a Estação Triângulo, onde desembocava o ramal de Petrópolis, até a estação de Três Rios.

Segundo relato de José A. de Vasconcelos para a página "estações ferroviárias de Ralph Mennucci Giesbrecht" em 2012: 

"...Os trens, naquela época procediam do Rio de Janeiro, depois Petrópolis, e quando entrava em Triângulo, uma estação num bairro próximo ao centro de Três Rios, geralmente entravam na perna de uma linha em forma de triângulo, em direção ao interior, e retornava de ré, atravessava uma P.N. dessa forma e dessa mesma forma entrava na plataforma da Estação Casa de Pedra, de Três Rios. Após o embarque/desembarque do pessoal/mercadorias, seguia de frente para Caratinga e/ou Manhuaçú.
Depois de alguns anos, com acordos entre dirigentes da Central do Brasil e da Leopoldina, os trens da Leopoldina passaram a sair da antiga estação da Central localizada no centro "nervoso" da cidade. A "Estação de Pedra" ficou apenas com os despachos e recepção de mercadorias, durante algum tempo."

Saiba mais sobre a estação Três Rios da Leopoldina (a Casa de Pedra) visitando os link's abaixo:
https://otremexpresso.blogspot.com/2020/02/estacao-tres-rios-casa-de-pedra.html
https://otremexpresso.blogspot.com/2016/06/estacao-tres-rios-rj-escolhida-como.html

Não muito distante da estação Triângulo ficava a Ponte Seca - ponte de transbordo de minério - onde a linha da E.F.Leopoldina passava sobre a linha da Central.  Sobre a Ponte Seca, dedicarei atenção especial logo abaixo nesta matéria.
Destaco a fundamental participação de José Alves Vasconcelos, com textos e importantes fotos que nos ajudam a preservar a história e a entender este complexo ferroviário que infelizmente não existe mais. 


A ESTAÇÃO:

Ainda não foram encontrados dados concretos sobre a abertura da Estação do Triângulo, que ficava a 1,5 km da estação de Três Rios da Central. Acredito que seja esta também a distância para a estação Casa de Pedra, da Leopoldina.
 Quando o trem de Petrópolis foi extinto em 1964, a extinção se deu "oficialmente" até a estação de Triângulo.
E o trecho de 1,5 km após, até Três Rios? 
Era ali que se localizava um triângulo ferroviário para manobras, permitindo que o trem da Leopoldina pudesse regressar para Petrópolis sem ter de manobrar em Três Rios. Porém, essa composição tinha de chegar a Três Rios para seguir, parte dela, para Caratinga e Manhuaçú.
A estação ainda existe, bastante descaracterizada, bem próxima a uma rotatória localizada em bairro de mesmo nome.
A Estação Triângulo foi utilizada até o fechamento da Linha do Norte vinda de Petrópolis, sendo finalmente desativada.


 Acima, a possível disposição do Triângulo com a Estação no centro do mesmo. Nesta ilustração identificamos e posicionamos as linhas da EFL e da EFCB, bem como a Ponte Seca - ponte de transbordo de minério.


POR ONDE PASSAVA A LINHA DA LEOPOLDINA?

Através da seqüência fotográfica abaixo, tendo como referência o marco ferroviário - patrimônio histórico de Três Rios datado de 1871 - poderemos ver nas fotos de José Alves Vasconcelos da década de 1990 que as linhas da Central passavam por um dos lados do referido marco (lado de dentro), enquanto as linhas da Leopoldina passavam pelo lado oposto (lado da avenida). 
Na foto atual podemos perceber que, após a retirada das linhas da Leopoldina, a avenida que passa ao lado foi alargada, além de ter sido construído um terminal rodoviário ao lado do marco ferroviário.


Na foto acima, clicadas no final da década de 90 podemos observar o “esqueleto” do que foram as linhas originais para Bicas e Porto Novo. As primeiras foram todas retiradas sem retorno e as de Porto Novo sofreram algumas alterações conforme veremos em outra foto do antigo pátio de Três Rios. Podemos observar também a antiga e histórica guarita da E. F. Central do Brasil isolada no meio do pátio.  Não foi demolida a pedido da administração da A.B.P.F.


Na foto abaixo, foto atual extraída do Google Maps, vemos a guarita (marco ferroviário) bem ao lado do novo terminal rodoviário, entre este e as linhas da Central.


Na foto abaixo, podemos observar o acima exposto de outro ângulo. Veja a largura do pátio de manobras de Três Rios; um verdadeiro cemitério de “esqueletos” de via permanente com dormentes “mal enterrados”. A faixa de terra das duas linhas de acesso a Bicas (lado direito) foram “doadas” à prefeitura e a linha foi totalmente extirpada desde Ligação até Três Rios.



Outra foto do pátio de Três Rios, com as linhas de Porto Novo e da Bitola Larga completamente alteradas do seu traçado original. Nesta foto podemos ver a antiga e histórica guarita da E. F. Central do Brasil mantida. Quanto às alterações das linhas no pátio, não tenho críticas; só não concordo com a retirada da linha de Bicas. 



Nas três fotos abaixo feitas em 1995, a valiosa contribuição de José Alves Vasconcelos quando ainda existiam os trilhos no Triângulo.




Nas fotos abaixo, acompanhada de texto de José Alves Vasconcelos, mais uma importante e valiosa contribuição trazendo em detalhes, a Ponte Seca - ponte de Transbordo de Minério.


Vista panorâmica da “Ponte Seca” mais recente, com um funil instalado para facilitar o transbordo de minérios.


Foto de um recorte de revista do ano de 1972 mostrando como era processado esse transbordo. O articulista cometeu um equívoco quando disse que aquela linha inferior da “Ponte Seca” pertenceria a Central, tendo em vista que desde o final do ano de 1959, as linhas entre Porto Novo e Japeri (bitola métrica) foram entregues a Leopoldina. Creio que ele quis dizer - R.F.F.S.A.


Foto da “Ponte Seca”, observada em sentido Bicas para Três Rios.


Foto da “Ponte Seca”, na verdade uma ferrovia sobre a outra. Em cima, quando por ali passei de trem, na década de 70, havia somente bitola estreita. Em 1995 já havia linha mista com 3º e 4º trilho. Essa ponte está sendo vista no sentido Três Rios para Bicas.  Na década de 70 alguns agentes da estação de Três Rios faziam transbordos de óleo, de pedras britadas, carvão, ferro gusa e minérios em geral de trens de bitola estreita para estreita, porque não havia bitola larga naquele local. A implantação dos trilhos da bitola larga se deve a facilidade para transbordo entre ambas as bitolas. Não sei se esse serviço ainda existe tendo em vista que a bitola métrica, após o encerramento dos serviços na Serra de Miguel Pereira, praticamente, perdeu a finalidade.


Foto da “Ponte Seca” clicada  de cima dessa ponte, na qual se observa os trilhos em direção a Porto Novo do Cunha. Observa-se o peculiar meio utilizado para transformar uma linha mista de quatro trilhos em uma continuação mista de três trilhos. Como não existe uma chave com pelo menos uma agulha, e nem contra trilhos, supõe-se que pela linha da direita somente poderiam circular composições para o interior. Mais intrigante é o “cotovelo” formado pelo afunilamento que nos faz supor o uso de velocidade baixíssima, visto que fora os trens de passageiros, as outras composições eram excessivamente pesadas. A volta deveria ser sempre pela outra linha onde possui apenas três trilhos.
Bem, posso estar enganado, mas não vejo outra solução...



Acima, ilustração posicionando com mais detalhe a Ponte Seca - ponte de transbordo de minério, além das linhas da EFL e da EFCB.  


 A Ponte Seca hoje, pelo Google Maps. Na foto acima, a ponte vista sentido a Bicas.
Na foto abaixo, a mesma ponte vista sentido Três Rios.



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