Abaixo, o mesmo local em novembro de 2023. A antiga Estação foi demolida e uma outra edificação foi construída posteriormente, onde hoje funciona uma lavanderia. Só restou a antiga plataforma para relembrar os velhos tempos da ferrovia.
Abaixo, a Estação de Roça Grande vista de quem chegava de São João Nepomuceno, belíssimo registro do acervo de Agnaldo Alves com reconstituição fotográfica de Amarildo Mayrink.
Município: São João Nepomuceno
Linha de Caratinga – Km 215,950
(1960)
Altitude: 320mEstação inaugurada em: 20 de junho de 1880
Estive no local em: agosto de
2009 e novembro de 2023.
Uso Atual – A Estação foi demolida, restando apenas a plataforma e a antiga Casa de Turma.
Situação Atual – Trecho declarado
erradicado e sem trilhos.
Cia. União Mineira (1879-1884)
Cia. E. F. Leopoldina/Leopoldina Railway (1884-1950)E. F. Leopoldina (1950-1975)
RFFSA (1975-1994)
Cia. E. F. Leopoldina/Leopoldina Railway (1884-1950)
RFFSA (1975-1994)
HISTÓRICO:
Andando pelos caminhos da antiga "Estrada de Ferro Leopoldina" podemos perceber e nos admirar com a beleza do trecho. Serras e montanhas pintam um dos mais belos cenários de nossa região.
Felizes foram aqueles que puderam desfrutar das viagens da Maria-fumaça a puxar os velhos vagões de madeira.
Sigo desbravando antigos leitos da ferrovia trazendo para todos os leitores registros fotográficos do que sobrou, cenários esquecidos que trazem belas lembranças, mas continuam maravilhosamente fascinantes, além de belíssimas histórias.
Visitei a Estação de Roça Grande em 2009 para uma primeira seção de fotos, quando iniciava os trabalhos desta página. Com o passar dos anos, recebi as outras belíssimas fotos dos amigos da página que também ilustram esta matéria.
Eis que, em novembro de 2023,
recebi dos amigos do IPHAN mais um maravilhoso registro
fotográfico da Estação de Roça Grande, me obrigando a um
gratificante retorno à localidade, quando tive a grata surpresa de
conhecer Marisa Helena Alves da Silva, moradora de Roça Grande
desde nascida, que enriqueceu ainda mais esta matéria, que veremos mais abaixo.
A ESTAÇÃO:
Após partir de Rochedo de Minas, a próxima parada do Trem era na Estação de Roça Grande, no município de São João Nepomuceno.
A Estação foi construída seguindo os moldes alvenaria/madeira, seguindo o mesmo modelo de construção da antiga Estação de Santa Helena, em Bicas, onde as salas das cabeceiras do prédio eram em alvenaria e abrigavam os setores mais importantes, como a sala do Chefe da Estação. A parte central do prédio que abrigava mercadorias era em madeira.
Ao que tudo indica, este tipo de arquitetura foi adotada pelos construtores em Estações localizadas nas pequenas comunidades, provavelmente para ganhar tempo e realizar a sequência de inaugurações das Estações seguintes.
Ocorre que as partes construídas em madeira naturalmente exigiam uma manutenção periódica constante. Com o fim da ferrovia, estes prédios sofreram maior e mais rápida deterioração devido à ação do tempo e ao abandono, acabando por serem demolidos mais rapidamente.
Hoje em Roça Grande, restou apenas a plataforma da antiga Estação e a antiga Casa de Turma, que hoje serve como residência familiar. Nota-se a presença da mesma Casa de Turma nas diversas fotos antigas aqui apresentadas.
Nos áureos tempos da ferrovia, Roça Grande também sediava uma grande e importante Usina de Açucar: a Usina Açucareira Santa Terezinha, que naturalmente provocava grande embarque de carga. Dela só restou a grande chaminé.
"Tenho esta foto, única e
original, datada de 25 de setembro de 1961, guardada com muito carinho!
Trata-se da Estação de Roça Grande. Seguem os nomes dessa turma:
Começando pelo meu pai José
Geraldo Mendonça; um vizinho nosso Custódio Aglio; seu filho José Carlos; minha
irmã Geraldina; Eu, Eva Medina; Silvania Palhares, filha do agente da época;
Geraldo, irmão da Maria do Walter; João, meu irmão do coração; e Maria
Rodrigues Cota, prima da Silvania.
A Sra. que está na linha do
trem era madrinha da minha mãe e lá em casa nós todos a tratávamos de madrinha
Mariquinha, é a mãe do João Marcílio, da Mariinha do Fiote.
O nome desta Sra. que está
esperando o trem é Carlota. Parece que tem uma criança com ela.
Sobre ela não sei dizer mais
nada, não tenho registrado em minha memória."
Ao retornar a Roça Grande em novembro de 2023 no objetivo de fazer uma
foto num ângulo mais aproximado possível da inédita foto da Estação enviada
pelos amigos do IPHAN, tive a grata
surpresa de conhecer Marisa Helena Alves
da Silva, moradora de Roça Grande desde nascida.
Ao apresentar a página
otremexpresso no celular a Marisa, grande foi sua emoção ao ver publicada na
matéria sobre Roça Grande a foto apresentada por Eva Medina acompanhada de detalhado relato, onde cita com muito
carinho a avó de Marisa, Dna. Mariquinha.
Dna. Mariquinha era mãe de Dna. Maria
de Lourdes, casada com o Sr. Fiote. O casal teve onze filhos, entre eles,
Marisa, que ressaltou que na comunidade sua mãe Maria de Lourdes é mais
conhecida como “a Dna. Mariinha do
Fiote”.
Bastante emocionada ao ver a
foto, Marisa fez questão que a acompanhasse até sua casa para conhecer sua mãe
e poder mostrar a ela a bela foto onde se vê um grupo de pessoas na plataforma
da Estação, vendo-se a avó de Marisa, Maria de Souza - a Dna. Mariquinha – uma senhora de pé abaixo da plataforma.
Ao chegarmos na casa de Marisa, fui
carinhosamente recebido por sua irmã Maria
das Graças e por sua mãe Maria de
Lourdes - a Dna. Mariinha do Fiote
- que se emocionou ao ver sua mãe Dna. Mariquinha na foto.
Daí em diante, foi um agradável
“bate-papo” relembrando os bons tempos da ferrovia. Marisa lembrou de sua
infância, quando a criançada corria para a Estação ao ouvir o apito do Trem
chegando. Lembrou que a turminha corria ao lado da Locomotiva pedindo ao Maquinista:
“Joga moedinha! Joga moedinha!” O
Maquinista atendia ao pedido da criançada jogando moedinhas e balas. Aí era
aquela alegria!
Marisa e Maria de Lourdes
lembraram também da Usina Açucareira
Santa Terezinha onde o “Sr. Fiote” havia trabalhado. A Usina ficava bem
próxima da Estação e da linha, onde sua grande produção de açúcar era embarcada
direto nos Trens da Leopoldina. Da Usina, só sobrou a grande chaminé como
lembrança.
Marisa conta que seu pai fazia a manutenção desta grande chaminé e que, por isso, sabia exatamente quantos degraus tinha que subir até chegar ao topo da mesma. Pelas fotos, dá para imaginar a grande “escalada do Sr. Fiote”.
A PONTE:
No percurso entre as Estações de Rochedo de Minas e Roça Grande, já bem próximo
desta última, encontra-se a ainda hoje a base e estrutura de uma ponte
ferroviária.
A paisagem é bela e bastante romântica, como pode ser observada nas fotos
abaixo, feitas em agosto de 2009.
Dá até para imaginar a Maria-fumaça passando sobre ela...
14 comentários:
Adorava ver o trem passar!
Emilia Aparecida Leite
Bons tempos!
Carmem Dos Santos Lohn
Morei perto dessa Estação de Roça Grande.
Carmem Dos Santos Lohn
Tempos que éramos felizes e sabíamos!
Ronye Robson
Saudades desse tempo!
Nelilda Pereira
Eu também gostava de ver o trem passar!
Enise Mendonça
Que show, linda... Mais uma relíquia sendo mostrada para nós!
Horácio Cardillo
Esta aí tem bastante histórias prá revelar, inclusive na minha época, só saudades!
José Heleno Silva
Isso mesmo, José Heleno Silva! Eu também guardo boas lembranças dessa localidade. Os bons tempos da minha juventude.
Jadir Miranda Moreira
Uma riqueza de informações descritas com muitos detalhes pelo autor, grande historiador. Parabéns, Amarildo José Mayrink!
Jadir Miranda Moreira
Muita história! Vivi parte da minha infância e juventude nesse lugar, existia também um engenho de açúcar com a produção a partir da cana que era cultivada em toda a região. Roça Grande de boas recordações! A grande chaminé da Usina de Açúcar Santa Terezinha resiste ao tempo e se mantém imponente decorando aquele local.
Jadir Miranda Moreira
Meus avós moravam aí e sempre íamos de trem.
Nem Cunha
Um imagem que nos faz lembrar os bons momentos das ferrovias e dos trens!!!
Luciano Tavares
Linda!!!
Cleide Holanda
Postar um comentário