Acima, registro da bela e outrora movimentada Estação de Guiomar nos tempos áureos, sem data definida.
Nas três fotos abaixo sob o olhar de Paulo Neiva Pinheiro, isso foi o que restou da antiga Estação de Guiomar: a plataforma e meia parede de pedra com parte dos trilhos que suportavam a cobertura da Plataforma.
Estação GUIOMAR-ES
Município: Vargem Alta-ES
Linha Do Litoral - Km 526,027 (1960)
Altitude: 701 m
Estação inaugurada em: 15 de março de 1902.
Estive no local em: Ainda não visitei a Estação. Fotos dos amigos Paulo Neiva Pinheiro e Da Silva Junior.
Uso atual: Demolida. Só restou a plataforma e parte da parede frontal de pedra.
Situação Atual – Tráfego suspenso. Com trilhos.
Cia. E. F. Sul do Espírito Santo (1902-1907)
E. F. Leopoldina (1907-1975)
RFFSA (1975-1996)
FCA (1996 - ...)
HISTÓRICO DA LINHA:
Conforme cita o site estacoesferroviarias, de Ralph Mennucci Giesbrecht... “O que mais tarde foi chamada "Linha do Litoral" foi construída por diversas companhias, em épocas diferentes, empresas que acabaram sendo incorporadas pela Leopoldina até a primeira década do século XX. O primeiro trecho, Niterói-Rio Bonito, foi entregue entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense, constituída em 1871, e depois absorvida pela Cia. E. F. Macaé a Campos. Em 1887, a Leopoldina comprou o trecho. A Macaé-Campos, por sua vez, havia construído e entregue o trecho de Macaé a Campos entre 1874 e 1875. O trecho seguinte, Campos-Cachoeiro do Itapemirim, foi construído pela E. F. Carangola em 1877 e 1878; em 1890 essa empresa foi comprada pela E. F. Barão de Araruama, que no mesmo ano foi vendida à Leopoldina. O trecho até Vitória foi construído em parte pela E. F. Sul do Espírito Santo e vendido à Leopoldina em 1907. Em 1907, a Leopoldina construiu uma ponte sobre o rio Paraíba em Campos, unindo os dois trechos ao norte e ao sul do rio. No início dos anos 80 deixaram de circular os trens de passageiros que uniam Niterói e Rio de Janeiro a Vitória. A partir de 1996 a linha funcionou para cargueiros por mais alguns anos sendo operada pela FCA. ”
A ESTAÇÃO:
Paulo Neiva Pinheiro esteve
na Estação Ipê-Açú em 2022 e traz seu relato...
“A Estação de Guiomar foi inaugurada em 1907. Guiomar foi a primeira Estação na linha que vinha de Vitória construída já pela Leopoldina, depois de cinco anos de uma interrupção nas obras. Quanto ao estado da Estação, em 1996, dela só restavam a plataforma e parte da cobertura em ruínas. Quando lá estive em 2022 até os trilhos retorcidos da antiga cobertura da plataforma - que ainda estava em uma única meia parede de pedra que restou de pé - levaram. Serraram e venderam como sucata. O lugar é extremamente bucólico com raras casas, apenas uma vendinha e uma pequena igreja numa elevação do local - Igreja Nossa Senhora do Caravaggio.”
Luiz Serafim Derenzi, descrevendo o local da Estação nos anos 1920:
"Foram
esplêndidos os dias passados em Guiomar, que os ferroviários chamaram
'Cinqüenta e Nove', porque dista 59 km de Matilde. (Depois da linha construída
em 1907 ficar pronta) a produção, desde Matilde até Vargem Alta, em plena
serra, desbravada pelos colonos italianos, imigrantes do Vêneto, não procurou
mais os portos de Guarapari, Piúma e Anchieta: desceu pelo traçado custoso da
Leopoldina. Os colonos obtiveram melhor preço para seus produtos e a zona
serrana tomou alento temporário. As terras frias não foram propícias aos
cafezais plantados aos soluços e promessas a Nossa Senhora do Caravaggio. As
férias foram memoráveis. O escolar encontrou novos companheiros, Tancredo e
Raul, e os caminhos das colônias foram varridos em montarias trotonas. Pelo Trem
das quatro e meia, veio de Matilde 'Seu' Serafim e, dois dias depois, com mais
roupa e outra botina amarela, o menino e seus amigos Tancredo e Raul lá se
foram em férias para Guiomar. O trem corria pouco, as rodas rangiam nas curvas
e cada junta dos trilhos solancava com um 'trutuque' enjoado. Na Estação de
Viana tomaram café com bolos de arroz, vendidos pela mulher do agente. Partiu o
comboio, depois de longa demora, e na caixa d'água, em Jucu, enquanto se
reabastecia, chuparam mangas. Com velocidade reduzida o Trem seguiu, batendo
caixa. A rampa e as curvas amarravam a corrida. O vale do Jucu é uma beleza!
Corredeiras, árvores enormes, embaúbas, palmitos, bois pastando nas encostas descorticadas
pela erosão! Os meninos conversavam, comiam bolos, faziam planos e lembravam-se
do Vilanova com certo receio. Passaram os túneis, receberam muitas fagulhas nos
olhos e venceram as estações de Germânia, Marechal Floriano, Rio Fundo e
Araguaia, úmida e garoenta. Com o Sr. Lorenzoni à espera de jornais,
Iriritimirim, parada rápida e, finalmente, alcançaram o vale do Benevente.
Guiomar é o divisor de águas entre Cachoeiro de Itapemirim e Vitória. Lá morava
o médico José Teixeira de Mesquita, que assistia os operários, e de lá o frei
Manoel Simões, da fazenda do Centro, periodicamente vinha batizar, casar e
assistir os colonos italianos, então numerosos, em Vargem Alta, Virgínia e Alto
Rio Novo". (reproduzido de http://gazetaonline.globo.com/estaçãocapixaba).
Da Silva Junior esteve
na Estação Guiomar em maio de 2018,
durante um Ferrotrekking de 60 km em dois dias e traz seu relato...
“Fundada
em 1902 pela Cia. E. F. Sul do Espírito Santo, a Estação de Guiomar fica a 701
mts de altura em relação ao nível do mar. Em 1996 o trecho passou a ser chamado
de FCA - Ferrovia Centro Atlântica e hoje está tudo abandonado pela
Concessionária atual da Linha Vli, que não dá manutenção na via desde 2018, aí
vemos o estado que fica uma ferrovia que é ativa mais sem Tráfego por dizerem
que não é viável, absurdo isso.”
Estação de Guiomar já demolida nos anos 1990, sobrando apenas
uma plataforma com o esqueleto da cobertura. Foto - José Sergio Xavier Aride.
Reportagem que conta sobre o Coronel Gentil Homem e a
sua influência ao desviar a ferrovia do seu trecho original para passar dentro
de suas terras.
Este é engenheiro inglês Carlos Bloomer Reever, nascido em
1867, responsável pelas obras da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo
(Leopoldina) que decidiu homenagear sua esposa emprestando seu nome ao povoado e à Estação Ferroviária da localidade. Foto Acervo familiar.
Um comentário:
Belíssimo registro!
Gideone Andrade
Postar um comentário