terça-feira, 13 de maio de 2025

ESTAÇÃO MATHILDE - Hoje um belo Espaço Cultural, ponto turístico de Alfredo Chaves.

Acima e abaixo, a bela Estação Mathilde sob o olhar de Da Silva Junior.



Acima e abaixo, dois belíssimos registros dos tempos em que a ferrovia ainda estava em plena atividade.

Abaixo, raro registro da primeira Estação, ainda sob o nome “Engenheiro Reeve”.



Acima e abaixo, a Estação de Mathilde vivendo tempos de abandono.

Abaixo, a bela Estação Mathilde no cair da noite, por Da Silva Junior.

Abaixo, Da Silva Junior em uma de suas visitas à bela Estação Mathilde.


Abaixo, Paulo Neiva Pinheiro em sua visita à bela Estação Mathilde.




parada-iriritimirim


Estação MATHILDE-ES

Antiga Engenheiro Reeve


ibitirui



Município: Alfredo Chaves-ES

Linha Do Litoral - Km 559,396 (1960)

Altitude: 515 m

Estação inaugurada em:  15 de março de 1902

Estive no local em:  Ainda não visitei a Estação. Fotos dos amigos Paulo Neiva Pinheiro e Da Silva Junior.

Uso atual: Centro Cultural.

Situação Atual – Tráfego suspenso. Com trilhos. 


Cia. E. F. Sul do Espírito Santo (1902-1907)

E. F. Leopoldina (1907-1975)

RFFSA (1975-1996)

FCA (1996 - ...)



HISTÓRICO DA LINHA: 

Conforme cita o site estacoesferroviarias, de Ralph Mennucci Giesbrecht...  “O que mais tarde foi chamada "Linha do Litoral" foi construída por diversas companhias, em épocas diferentes, empresas que acabaram sendo incorporadas pela Leopoldina até a primeira década do século XX. O primeiro trecho, Niterói-Rio Bonito, foi entregue entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense, constituída em 1871, e depois absorvida pela Cia. E. F. Macaé a Campos. Em 1887, a Leopoldina comprou o trecho. A Macaé-Campos, por sua vez, havia construído e entregue o trecho de Macaé a Campos entre 1874 e 1875. O trecho seguinte, Campos-Cachoeiro do Itapemirim, foi construído pela E. F. Carangola em 1877 e 1878; em 1890 essa empresa foi comprada pela E. F. Barão de Araruama, que no mesmo ano foi vendida à Leopoldina. O trecho até Vitória foi construído em parte pela E. F. Sul do Espírito Santo e vendido à Leopoldina em 1907. Em 1907, a Leopoldina construiu uma ponte sobre o rio Paraíba em Campos, unindo os dois trechos ao norte e ao sul do rio. No início dos anos 80 deixaram de circular os trens de passageiros que uniam Niterói e Rio de Janeiro a Vitória. A partir de 1996 a linha funcionou para cargueiros por mais alguns anos sendo operada pela FCA. ”


A ESTAÇÃO:

A Estação Mathilde - ainda com "TH" na grafia de seu dístico - viveu um período de abandono, mas hoje está completamente restaurada, sendo transformada em belo Espaço Cultural. 

Paulo Neiva Pinheiro esteve na Estação Mathilde em junho de 2022 e traz seu relato...

"Segundo consta, o prédio atual da Estação de Matilde foi inaugurada em 1910. Antes disso, existia ali outra Estação, um prédio em madeira de nome Engenheiro Reeve que ficava do outro lado do rio Benevente, esta aberta em 1902 (ficava próxima à ponte da ferrovia sobre o rio) ainda pela E. F. Sul do Espírito Santo. Este nome foi depois transferido para uma Estação do mesmo ramal, mas entre Espera Feliz e Coutinho. A linha havia chegado aí e parado, em 1902. A Leopoldina retomou as obras com o objetivo de levar a linha até Cachoeiro do Itapemirim. O livro do Patrimônio Cultural do ES, de 1991, dá a data de inauguração da Estação como sendo 1910, com a presença do Presidente Nilo Peçanha. Segundo também o mesmo livro, a desativação da Estação se deu nos anos 1980. Hoje é patrimônio tombado pelo Estado. Nem por isso, deixava de estar totalmente abandonada e saqueada em 2007: 

'Detalhes do nome, só em um lado, o outro já foi arrancado; muro pichado, salão principal destruído, piso queimado, mato entrando no portão de carga, cobertura semidestruída...'(Afonso Celso Gonçalves, agosto de 2007). 

Em 2014 já estava restaurada e servindo como Espaço Cultural. Em 2022, completamente reformada, exibia painéis em preto e branco da época do seu apogeu. Bastante visitada pelos turistas é hoje uma das principais atrações do distrito."

Da Silva Junior esteve na Estação Mathilde várias vezes e traz seu relato...

“Antigamente a Estação ficava antes do Pontilhão do Rio Benevente, com o nome de Reever, o Engenheiro que construiu a construiu em 1902. Depois ela foi arrematada pela Cia Leopoldina Railway Company. Com o declínio do Café e de outras mercadorias durante a Segunda Guerra, a Cia Inglesa com déficit e para se livra de dívidas, entregou a Ferrovia para o governo da época, que em 1957 criou se a RFFSA - Rede Ferroviária Federal S.A. Aí vieram governos que deixaram de investir no transporte Ferroviário. Em 1983 acabaram com o transporte de passageiros. Em seguida, vieram as privatizações; em 1996 a ferrovia foi concessionada pela FCA - Ferrovia Centro Atlântica e depois de 2011, veio outra Concessão para a VLI, que simplesmente abandonou tudo. A Estação ficou um tempo abandonada e o pessoal usava o prédio para acampamento. Acabavam tirando tijolos de suas paredes pra fazerem fogueiras depenando a Estação, até que a Prefeitura local resolveu reforma-la e proibiu se acampar em todo o perímetro da Estação, sendo transformada em um belo Museu.”


A antiga Estação ficava antes do Pontilhão do Rio Benevente, com o nome de Reever, o Engenheiro que construiu a construiu em 1902.


Luiz Serafim Derenzi, descreveu o local da Estação nos anos 1920; na página http://gazetaonline.globo.com/estaçãocapixaba

"A época da greve dos operários da E. F. Vitória a Minas coincidiu com a retomada da ligação ferroviária Matilde-Cachoeiro de Itapemirim, pela Leopoldina (em 1907). A celebrada Estrada Sul do Espírito Santo, iniciativa do Governo Muniz Freire, com a finalidade de ligar Vitória a Cachoeiro, estancou em Matilde, quando da crise de 1900. Meu pai foi o primeiro tarefeiro admitido pelo famoso engenheiro Caetano Lopes, chefe da construção. Acampou à margem da ponte sobre o rio Benevente, que logo adiante, 500 metros talvez, se despeja em belíssimo salto de mais de sessenta metros de altura. Foi um sorriso em nossa angustiosa vida de garimpeiros. Depois do salto belíssimo, a paisagem que o rio descreve - erodindo espigões cobertos de quaresmeiras e samambaias, em contraste com o prateado das embaúbas, o verde escuro dos cafezais em pequenos talhões, o milharal em desordem, as casas de colonos de tanto em tanto, com seus telhados agudos ora de zinco, ora pintados a zarcão, ora de tabuinhas negras de caruncho, aquelas capelas devotas com sineiras em torres piramidais - empresta um bucolismo tranqüilo ao povoado que estacionara com a crise do café do fim do século e com a paralisação da construção da estrada de ferro. Dividia-se em Matilde Velha e Matilde Nova, onde por primeiro se localizaram os italianos, a uns três quilômetros acima da cachoeira. Matilde era distrito e centro de convergência de outros núcleos a nordeste. Meia dúzia de casas, igrejinha, venda, padaria, da qual Dona Matilde era a padeira. A escola construída pelos colonos foi fechada pelo governo, que lá instalou a delegacia de polícia, porque a professora, coitada, lecionava em italiano. A Matilde Nova esboçou-se junto à ponte e à Estação da Estrada de Ferro, que se chamava Engenheiro Reeve, em homenagem póstuma ao profissional inglês, tocaiado com dois tiros de espingarda. Vinha de Iriritimirim, última parada, na época, trazendo doze contos de réis para o pagamento dos operários. Ainda teve tempo de salvar o dinheiro, atirando a maleta numa ramada de espinhos arranha-gato. Eram poucos os moradores de Matilde Nova. O guarda-chaves, Seu Batistella, casado e com filhas, hospedava seu superior hierárquico, Pedro Sposito, agente da Estação. A família de maior nomeada era a de Giacomo Provedel. Influente negociante e homem prestativo foi também Ângelo Modulo. Havia o armazém do Lisandro Nicoletti, comprador de café e grande proprietário, estabelecido em Vitória, cujo gerente, em Matilde, era o ferreiro mecânico Aurélio Mainardi. Certa vez Lisandro Nicoletti foi tocaiado por um bando e só escapou porque se fez de morto, depois de receber mais de dez tiros. Só perdeu o animal de sela. Tempos depois tentaram saquear-lhe a casa de negócios. Não foi só o atentado ao engenheiro Reeve que perturbou o sossego da pacata colônia de italianos; oriundos de Treviso, Udine, Beluno e Cremona, chegados de 1880 a 1890, eram boa gente. O distrito contava 370 famílias e foi perturbado várias vezes por bandos de jagunços. De quando em quando os italianos se assustavam. Habitualmente, moravam nos fundos de seus estabelecimentos comerciais e a peça mais importante era a cozinha, onde a família se movimentava. Enquanto as panelas em meia fervura cozinhavam as iguarias, as zelosas paronas tricotavam ou costuravam, com suas máquinas manuais, as roupas dos maridos e das crianças." 


O “tanque” do antigo Virador de Locomotivas em fotos de Paulo Neiva Pinheiro.


O “tanque” do antigo Virador de Locomotivas em fotos de Da Silva Junior.




Época da Construção do Girador de Matilde pela EFSES - Estrada de Ferro Sul do ES, sendo concluído só quando a Cia Leopoldina Railway comprou a Ferrovia e assumiu. Sem dúvida, um belo registro.


A antiga Caixa d'água inglesa sobre estrutura de pedras sob o olhar de Paulo Neiva Pinheiro e Da Silva Junior compõe o belo cenário.




Na sequência abaixo, a pequena réplica de uma Locomotiva a Vapor faz sucesso entre os visitantes.




Acima e abaixo, um belo "Ontem & Hoje" da Estação Mathilde. Do abandono ao resgate de um belo Patrimônio Histórico.


Na sequência abaixo, a Estação de Mathilde sob o olhar de Paulo Neiva Pinheiro.





Na sequência abaixo, a Estação de Mathilde sob o olhar de Da Silva Junior.




Na sequência abaixo, detalhes da Estação de Mathilde, por Da Silva Junior e Paulo Neiva Pinheiro.






Abaixo, mais quatro belíssimos registros dos tempos em que a ferrovia ainda estava em atividade.





Abaixo, a Estação de Mathilde, hoje transformada em belíssimo Espaço Cultural.






Um comentário:

Anônimo disse...

Essa Estação devia ser uma das paradas do antigo Trem das Serras Capixabas operado pela Serra Verde por meio de litorinas que provavelmente pertenciam a Leopoldina antes de serem transferidas em 1982 pela RFFSA após encerrar esse serviço de passageiros entre Rio e Campos dos Goitacazes.
Guilherme Moreira Silva