sábado, 24 de maio de 2025

ESTAÇÃO GUIOMAR - Completamente abandonada, dela hoje só resta parte de uma parede de pedras.

Acima, registro da bela e outrora movimentada Estação de Guiomar nos tempos áureos, sem data definida. 

Abaixo, o que sobrava da Estação de Guiomar em 1996. As antigas barras de suporte do telhado que que cobria a plataforma feita com trilhos ainda não haviam sido serradas e roubadas. Hoje já não existem mais.

Nas três fotos abaixo sob o olhar de Paulo Neiva Pinheiro, isso foi o que restou da antiga Estação de Guiomar: a plataforma e meia parede de pedra com parte dos trilhos que suportavam a cobertura da Plataforma.


Os trilhos retorcidos - suportes da cobertura da Estação Ferroviária - foram cortados e roubados.


Nas três fotos abaixo, o que restou da antiga Estação de Guiomar sob o olhar de Da Silva Junior.


Da Silva Junior em Guiomar.

Paulo Neiva Pinheiro em Guiomar.





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Estação GUIOMAR-ES


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Município: Vargem Alta-ES

Linha Do Litoral - Km 526,027 (1960)

Altitude: 701 m

Estação inaugurada em: 15 de março de 1902.

Estive no local em:  Ainda não visitei a Estação. Fotos dos amigos Paulo Neiva Pinheiro e Da Silva Junior.

Uso atual: Demolida. Só restou a plataforma e parte da parede frontal de pedra.

Situação Atual – Tráfego suspenso. Com trilhos. 


Cia. E. F. Sul do Espírito Santo (1902-1907)

E. F. Leopoldina (1907-1975)

RFFSA (1975-1996)

FCA (1996 - ...)






HISTÓRICO DA LINHA: 

Conforme cita o site estacoesferroviarias, de Ralph Mennucci Giesbrecht...  “O que mais tarde foi chamada "Linha do Litoral" foi construída por diversas companhias, em épocas diferentes, empresas que acabaram sendo incorporadas pela Leopoldina até a primeira década do século XX. O primeiro trecho, Niterói-Rio Bonito, foi entregue entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense, constituída em 1871, e depois absorvida pela Cia. E. F. Macaé a Campos. Em 1887, a Leopoldina comprou o trecho. A Macaé-Campos, por sua vez, havia construído e entregue o trecho de Macaé a Campos entre 1874 e 1875. O trecho seguinte, Campos-Cachoeiro do Itapemirim, foi construído pela E. F. Carangola em 1877 e 1878; em 1890 essa empresa foi comprada pela E. F. Barão de Araruama, que no mesmo ano foi vendida à Leopoldina. O trecho até Vitória foi construído em parte pela E. F. Sul do Espírito Santo e vendido à Leopoldina em 1907. Em 1907, a Leopoldina construiu uma ponte sobre o rio Paraíba em Campos, unindo os dois trechos ao norte e ao sul do rio. No início dos anos 80 deixaram de circular os trens de passageiros que uniam Niterói e Rio de Janeiro a Vitória. A partir de 1996 a linha funcionou para cargueiros por mais alguns anos sendo operada pela FCA. ”


A ESTAÇÃO:

Além das sempre importantes contribuições de Paulo Neiva Pinheiro e de Da Silva Junior, esta matéria contou também com bela foto de José Sergio Xavier Arides e outras duas de autores desconhecidos. A destacar, a belíssima foto da Estação de Guiomar ainda em atividade.

Paulo Neiva Pinheiro esteve na Estação Ipê-Açú em 2022 e traz seu relato...

“A Estação de Guiomar foi inaugurada em 1907. Guiomar foi a primeira Estação na linha que vinha de Vitória construída já pela Leopoldina, depois de cinco anos de uma interrupção nas obras. Quanto ao estado da Estação, em 1996, dela só restavam a plataforma e parte da cobertura em ruínas. Quando lá estive em 2022 até os trilhos retorcidos da antiga cobertura da plataforma - que ainda estava em uma única meia parede de pedra que restou de pé - levaram. Serraram e venderam como sucata. O lugar é extremamente bucólico com raras casas, apenas uma vendinha e uma pequena igreja numa elevação do local - Igreja Nossa Senhora do Caravaggio.”


Luiz Serafim Derenzi, descrevendo o local da Estação nos anos 1920:

"Foram esplêndidos os dias passados em Guiomar, que os ferroviários chamaram 'Cinqüenta e Nove', porque dista 59 km de Matilde. (Depois da linha construída em 1907 ficar pronta) a produção, desde Matilde até Vargem Alta, em plena serra, desbravada pelos colonos italianos, imigrantes do Vêneto, não procurou mais os portos de Guarapari, Piúma e Anchieta: desceu pelo traçado custoso da Leopoldina. Os colonos obtiveram melhor preço para seus produtos e a zona serrana tomou alento temporário. As terras frias não foram propícias aos cafezais plantados aos soluços e promessas a Nossa Senhora do Caravaggio. As férias foram memoráveis. O escolar encontrou novos companheiros, Tancredo e Raul, e os caminhos das colônias foram varridos em montarias trotonas. Pelo Trem das quatro e meia, veio de Matilde 'Seu' Serafim e, dois dias depois, com mais roupa e outra botina amarela, o menino e seus amigos Tancredo e Raul lá se foram em férias para Guiomar. O trem corria pouco, as rodas rangiam nas curvas e cada junta dos trilhos solancava com um 'trutuque' enjoado. Na Estação de Viana tomaram café com bolos de arroz, vendidos pela mulher do agente. Partiu o comboio, depois de longa demora, e na caixa d'água, em Jucu, enquanto se reabastecia, chuparam mangas. Com velocidade reduzida o Trem seguiu, batendo caixa. A rampa e as curvas amarravam a corrida. O vale do Jucu é uma beleza! Corredeiras, árvores enormes, embaúbas, palmitos, bois pastando nas encostas descorticadas pela erosão! Os meninos conversavam, comiam bolos, faziam planos e lembravam-se do Vilanova com certo receio. Passaram os túneis, receberam muitas fagulhas nos olhos e venceram as estações de Germânia, Marechal Floriano, Rio Fundo e Araguaia, úmida e garoenta. Com o Sr. Lorenzoni à espera de jornais, Iriritimirim, parada rápida e, finalmente, alcançaram o vale do Benevente. Guiomar é o divisor de águas entre Cachoeiro de Itapemirim e Vitória. Lá morava o médico José Teixeira de Mesquita, que assistia os operários, e de lá o frei Manoel Simões, da fazenda do Centro, periodicamente vinha batizar, casar e assistir os colonos italianos, então numerosos, em Vargem Alta, Virgínia e Alto Rio Novo". (reproduzido de http://gazetaonline.globo.com/estaçãocapixaba)


Da Silva Junior esteve na Estação Guiomar em maio de 2018, durante um Ferrotrekking de 60 km em dois dias e traz seu relato...

“Fundada em 1902 pela Cia. E. F. Sul do Espírito Santo, a Estação de Guiomar fica a 701 mts de altura em relação ao nível do mar. Em 1996 o trecho passou a ser chamado de FCA - Ferrovia Centro Atlântica e hoje está tudo abandonado pela Concessionária atual da Linha Vli, que não dá manutenção na via desde 2018, aí vemos o estado que fica uma ferrovia que é ativa mais sem Tráfego por dizerem que não é viável, absurdo isso.”



Abaixo, o que restou da antiga Estação de Guiomar em mais dois registros de Da Silva Junior.


Estação de Guiomar já demolida nos anos 1990, sobrando apenas uma plataforma com o esqueleto da cobertura. Foto - José Sergio Xavier Aride.



Acima e abaixo, a parede de pedra da Estação de Guiomar, muito próximo à casa do já falecido Coronel Gentil Homem, fazendeiro local muito influente que muitos afirmam ter mandado matar o Engenheiro Inglês, Reeve, por ele não querer passar a ferrovia dentro de suas terras. Essa Estação era supostamente para atender a ele, sua fazenda e sua família.

A plataforma de embarque/desembarque da Estação.


Acima e abaixo, a placa da PN está caindo.


Acima, a placa da quilometragem da Estação de Guiomar. Abaixo, a marcação da distância pintada no trilho de suporte da placa da PN.


Acima e abaixo, a casa onde o falecido poderoso coronel Gentil Homem morou com sua família vem passando por reforma por se tratar de um patrimônio histórico local.

Igreja de Nossa Senhora do Caravaggio - Guiomar - Vargem Alta-ES.


Reportagem que conta sobre o Coronel Gentil Homem e a sua influência ao desviar a ferrovia do seu trecho original para passar dentro de suas terras.


Este é engenheiro inglês Carlos Bloomer Reever, nascido em 1867, responsável pelas obras da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo (Leopoldina) que decidiu homenagear sua esposa emprestando seu nome ao povoado e à Estação Ferroviária da localidade. Foto Acervo familiar.



Um comentário:

Anônimo disse...

Belíssimo registro!
Gideone Andrade