Nos tempos da E. F. União Mineira a linha seguia para a 1ª Estação SILVEIRA LOBO em direção à Estação de Serraria.
primeira-estacao-silveira-lobo
HISTÓRICO:
Inicialmente
essa matéria havia sido publicada com as valiosas contribuições dos amigos Jean
Ferreira Cerqueira, de Três Rios – RJ; de Manoel Monachesi e de Ricardo
Raipp.
Apesar
de não estar tão longe de minha cidade – Bicas-MG – ainda não
tinha visitado a Estação de Silveira Lobo. Eis que saí em
viagem para uma visita à “nova Estação de Chiador”. Ao
retornar, já no cair da tarde, resolvi passar por Santana do Deserto, quando
encontrei a bela Estação de Silveira Lobo.
A ESTAÇÃO:
Outra Estação que não conhecia
pessoalmente, a Estação de Silveira Lobo ainda está bela e em perfeitas condições servindo de moradia particular.
Ela fica escondida numa área de muitas árvores, mas é de fácil acesso.
Trata-se de uma Estação com
histórico curioso. O atual prédio da Estação de Silveira Lobo foi inaugurado em
1904, mas na verdade era a segunda Estação com esse nome. A primeira Estação de
Silveira Lobo inaugurada em 1879 ficava em outro local, no antigo Ramal
de Serraria da E. F. União Mineira (desativado em 1904). Este Ramal ligava
a Estação de Serraria - na linha do Centro da EFCB - às
cidades de Bicas e Pequeri. Esse trecho primitivo reserva grandes curiosidades,
como um zigue-zague – o primeiro do Brasil
– que será descrito com mais detalhe logo abaixo. Com a desativação do
antigo Ramal de Serraria, foi construída a nova e atual Estação.
Além das fotos que realizei em
junho de 2025, esta matéria conta também com os belos registros de Jean Cerqueira, que percorreu de bike o
antigo leito ferroviário até Sossego em fevereiro de 2018 passando por Silveira
Lobo e São Marcos. Ricardo Raipp fez
o mesmo percurso em 2020 e Manoel
Monachesi trouxe fotos raras de seu belíssimo acervo.
O ZIGUE-ZAGUE:
Em grande e
concorrida Assembléia Geral dos
Acionistas realizada em 31 de janeiro de 1878, no Rio de Janeiro, foi
apresentado pela diretoria o Primeiro
Relatório da Estrada de Ferro União Mineira para a construção da linha
férrea da Serraria até São João Nepomuceno, de onde destaco o interessante
apontamento sobre a construção de um
zigue-zague na serra do Macuco, que despertou em mim o grande desejo de um
dia poder conhecer o local onde ele existiu. Sem dúvida, uma das maiores
curiosidades em minhas pesquisas pelos caminhos da Leopoldina:
“...deram os empreiteiros o começo dos trabalhos de terra a 8 de setembro, atacando o maior corte que temos em nossa linha no ponto culminante da serra do Macuco. Mede este corte 18 metros de alto, subindo sua encubação a 24.000m³ cúbicos de terra. É essa serra sem dúvida o mais frisante das centenas de contos que podem poupar uma boa exploração. De um terreno extremamente acidentado, cheio de fundas grotas e apertados espigões, absorveu-nos ela alguns meses, em que foram estudados vários traçados, que por dispendiosos tivemos que abandonar, resolvendo-nos afinal a empregar um pequeno zigue-zague, em que com um recuamento de 800 metros conseguimos um traçado extraordinariamente mais econômico, tendo poupado sem aumento de declividades um kilômetro de linha, evitando um viaduto com 17° de alto e substituído o único túnel projetado pelo corte acima referido. É a primeira vez que se emprega no Brasil este sistema de zigue-zague, com jogo de chave de recuamento de trem.”
O site Estações
Ferroviárias do Brasil, de Ralfh Mennucci Giesbrecht cita outro
importante apontamento sobre o zigue-zague é o trecho do Diário de Dom Pedro
II, vol. 25, de 27 de abril de 1881(aª fa), copiado de José Carlos Barroso –
Cessão Marcus Granado). Dom Pedro II andou na União Mineira passando por Bicas,
em 1881:
-"(...) 5 ½ Acordei. Vou ler. Saio às 7h.
Caminho conhecido até Serraria. Cheguei às 8 ¾ a Juiz de Fora. A cidade tem
aumentado muito. Bela avenida com bonitas casas que devem arborizar. Almocei
numa destas que é do Barão de Cataguazes. Partida do trem às 11h 10'. Nada de
novo até Serraria. Aí entramos no trem da Estrada de Ferro da União Mineira.
Percorremos 84km até o arraial - vila ainda não instalada de S. João de
Nepomuceno. A estrada para subir
parte da serra do Macuco tem 2 ziguezagues com plataformas. Tem 7 Estações pequenas porém bem construídas conforme a aparência. Vista muito bela
assim como mato viçoso de Bicas para diante. Descobre-se amplo vale fechado por
altas montanhas, e perto de S. João avista-se a alta serra do descoberto de
contorno original. Grande número de quilômetros a começar da Serraria passa a
estrada por fazendas de café muito bem plantadas e algumas com casas feitas com
bom gosto. Há interrupção de terras tão boas para voltarem estas. Vim
conversando com o engenheiro Betim cuja direção inteligente e ativa revela-se
no modo porque a estrada foi construída e tendo trilhos de aço, e com o
desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite a cuja influência se deve
sobretudo a estrada que é de bitola de um metro. (...)"
“Já na subida para Santana do Deserto, pode-se ver parte do muro de arrimo que sustentava o relevo por onde passavam os trens.”
Um comentário:
Olá . Sigo esta página há bastante tempo desde 2013 buscando paradeiro de meus antecedentes .
Minha Avó casou em Santana do Deserto, e seu Marido João nasceu em Estação da Veiga, assim diz em seu documento em 1900.
Poderiam me falar deste lugar?
http://bicasturismo.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.html
ESTAÇÃO DA VEIGA ONDE ISIDORO CANTO BOTTARO NASCEU EM 1900
ENTREVISTA COM A HISTORIADORA ROSÁLIA MAYRINK CORRÊA.
Obrigada
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